11 novembro 2008

Se a gente que é pombo não fala...


Uma das primeiras lições que a gente aprende quando entra na faculdade de jornalismo diz respeito à responsabilidade da coisa publicada. Para garanti-la, é preciso ter como premissas uma boa apuração e a comprovação da informação com dados. Amarrando tudo isso, chega-se ao ponto crítico: a notícia beneficia ou não o bem-estar social?

Outra lição que também é repetida à exaustão: bom jornalismo se faz com suor, e não às custas de informações privilegiadas, já que elas provavelmente vão privilegiar aqueles que a forneceram. Por fim, temos ainda a questão do mercado de trabalho, e aí o bicho pega. Isso porque o QI – obviamente não me refiro ao quociente de inteligência – impera nas redações de veículos de maior alcance e, não raro, muita gente incompetente toma lugar de ótimos profissionais que, por sua vez, precisam se vender a subempregos para pagar as contas.

No jornalismo esportivo dos últimos tempos, destacou-se uma figurinha que vai contra todas essas orientações da profissão. Pudera, ele nunca pisou numa faculdade de comunicação para assistir a qualquer aula que fosse. O Juquinha se fez à base do QI, e em menos de 4 anos passou de pesquisador do arquivo da Abril para chefe de reportagem. Nenhum repórter na história do jornalismo teve ascensão tão meteórica. Mas eu não vou ficar aqui contando as posturas éticas do Juquinha, caracterizada pelo estilo camarão-que-dorme, nem falar de sua "vitoriosa carreira", porque isso está mais do que explícito. O que me preocupa são as gerações que vêm por aí...

Juquinha inaugurou em seu blogue um preguiçoso modo de escrever, baseado em frases curtas que abrem espaço para diversas interpretações - isso quando não passa semanas publicando textos alheios. Dizem os bastidores, inclusive, que ele é incapaz de escrever uma lauda com a devida correção gramatical. Nessas frases curtas e irresponsáveis, ele joga uma série de fofocas não comprovadas que ganham repercussão absurda por estarem no portal de maior audiência da internet brasileira. Tal preguiça na escrita, porém, ganhou adeptos, e a molecada admira o Juquinha como eu admiro caras do calibre de Mino Carta, Claudio Abramo, José Arbex Jr. e Aloysio Biondi. Todos eles, segundo os mais novos, “chatos” de ler.

Mas Juquinha tem o mínimo de consciência e resolveu dar um empurrãozinho na carreira de um papagaio de esgoto. Pegou no colo um estudante de jornalismo que escreve tão mal ou pior que ele e resolveu dar as merdas que não pode publicar por conta daquela responsabilidade citada no começo do post. Factóides, manobras políticas, esquemas pecaminosos de se obter informação: esse é o jeito de fazer jornalismo do Paulinho, tudo sob os olhos atentos do grão-mestre.

Já havia escrito algumas coisas sobre o Paulinho aqui, mas agora o acúmulo de absurdos transbordou. No post de hoje, o “jornalista da credibilidade” – como ele se auto-intitula - traz fotos pessoais e as utiliza como “prova” daquilo que quer denunciar. Isso lá é jeito de se conseguir informação?

E aí os meus pouquíssimos leitores devem estar perguntando: para que tudo isso? O motivo é simples. Este post é, na verdade, um apelo. Um apelo para essa molecada que adora o Juquinha e sua trupe. Acordem e usem o senso crítico. Não podemos acreditar em tudo que a gente lê, assiste e escuta. Não dá para aceitar alguém desse naipe vomitando o que quer por aí. Pior, é inadmissível esse tipo de gente ter espaço, divulgação e formar opinião.

Só um ignorante não enxerga o grande movimento dos barões da mídia que se arrasta há mais de século para impor os ideais de uma elite que determina o seu salário, o seu jeito de vestir e até mesmo o horário do jogo do seu time de coração. Ficaria triste em saber que os futuros colegas de profissão têm como ambição participar desse esquema sujo.

3 comentários:

Seo Cruz disse...

Amigo estou travando uma guerra com os meus lá no Cruz, mas depois disso esse texto ficará linkado por um bom tempo.

Como gostaria d vê-lo publicado em um diário de grande circulação...

Parabéns!

Craudio disse...

Eu vi, mano. E iria pensar da mesma maneira que você se acontecesse por esses lados (como, de fato, ocorreu há pouco tempo).

E a coisa é séria: a molecada ama o Juquinha! Dá até desgosto...

Abraço!

Filipe disse...

Meu, aquela hora não tava atualizando o seu blogue. Voltei pra casa pensando nisso e escrevi. Daí vim ver seu blogue, e, óbvio, tive de linká-lo.

Como diz o Palestrino, no cu dos quifurinhos.