04 janeiro 2010

Como tantos outros filhos


Comecei o ano indo junto da Evinha ao cinema. Trata-se de uma daquelas minhas aparições raras diante das telonas, pois só me inspiro para apreciar a tal sétima arte quando o filme me gera um interesse muito grande. Além disso, há a regra básica: nada de shoppings e suas grandes redes que cobram preços absurdos pelo ingresso; apenas salas de rua que vendam cerveja.

Depois de um belo almoço no histórico Charm da rua Augusta, atravessamos a rua para assistir ao "Lula, o Filho do Brasil" no Espaço Unibanco. Alheio a todas as indicações de que poderia estar diante de um fiasco por conta da participação da Globo na produção, o resultado foi impactante. Ainda que não traga grandes novidades da trajetória do presidente Lula, o longa metragem cativa pela emoção e sensibilidade.

Para conseguir isso, nada como um elenco de primeira. Glória Pires desempenha um papel fundamental na condução dos fatos, assim como fez dona Lindu ("personagem" de Glória) durante toda a vida de seu filho. Rui Ricardo Lopes, protagonizando a fita, copiou brilhantemente alguns trejeitos de Lula sem parecer caricato, e Felipe Falanga - o Lula moleque - garante boas risadas e também grandes apertos no peito.

Há uma dramaticidade até certo ponto fatigante, mas nada que faça jus ao que passaram dona Lindu e sua prole. Imaginem viajar 13 dias num pau-de-arara, chegar na cidade grande com uma mão na frente e outra atrás e ainda manter intactos alguns valores benignos que hoje em dia são tão raros quanto a compreensão da elite sobre o significado de um metalúrgico no poder? Ao ilustrar tamanha escassez de recursos para sobrevivência, "Lula, o Filho do Brasil" joga novamente na cara do zé-povinho uma realidade extraterrena para quem assiste impunemente seu Jornal Nacional e lê sua Veja.

Ressalte-se um fato muito bem mostrado no filme: Lula já era vencedor quando foi diplomado torneiro mecânico. Já seria representativo e personagem ímpar se ficasse limitado ao batente nas fábricas do ABC, pois veio do nada e conseguiu o que muitos de seus conterrâneos não alcançaram. Porém, de um lado há os que fogem das dificuldades e se escondem na barra da saia da tia lá na Mooca. Em contraposição, há quem use o passado de adversidades para vislumbrar um futuro melhor, brigando pelo direito coletivo e jamais renegando sua história. São os filhos da luta, todos eles com a mesma sina e que hoje personificam sua rota de fuga no presidente da república.

Para quem achou inoportuno o lançamento do filme em ano eleitoral, garanto que o medo de uma suposta manipulação do voto se dá mais pelo retrato da superação da miséria do que pela figura pública de Lula. Essa última faceta já é bastante conhecida e reconhecida, inclusive mundialmente. Os barões não querem, na verdade, é que o longa acenda, em âmbito nacional, o orgulho desses milhares de Lulas que se conjuram em um só. Povo, garis, humanismo e participação política e social ampla são como filhos deficientes que os nobres cidadãos-de-bem-que-pagam-seus-impostos escondem e reprimem. Filhos da luta, repita-se.

9 comentários:

Rodrigo Barneschi disse...

Pô, japonês, deixa de ser tão outsider assim.

Quanto ao filme, ainda não vi. Preciso ver e depois volto aqui pra comentar.

Abraços e Feliz 2010 pra gente, mano!

evao do caminhao disse...

sabe, no questionário da prova brasil perguntaram pras professoras: qtos alunos dessa sua turma que está sendo avaliada vc acha q vão pra universidade?

provavelmente muitas responderam: 10%

eu respondi: TODOS!

não sei se o diploma da faculdade será garantido, mas o da vida certamente

acho q por isso choro tanto nas formaturas

Bruno Ferraz (sOUL) disse...

Feliz ano novo Claudião.

O filme não assisti ainda, mais no final de semana está em pauta.

Um Abraço Velho!

Craudio disse...

Barneschi, não suporto Cinemarks e UCIs da vida com aquela molecada babaca. Agora, imagine eu vendo o filme do Lula e um playboyzinho começa a vaiar? Dá pra prever o que viria depois (é tipo você com as velhas nos buzus hahahahahahaha). Feliz 2010!

Evinha, por isso que você é meu orguio de professora! E a gente se derreteu com o diploma do Lula hahahahahahha...

Brunão, feliz 2010 pra todos nós! Assista ao filme que valhe a pena!

João Victor Brasil - O CORINTHIANO disse...

Bom dia CORINTHIANO....

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quem me indicou o blog aqui foi o Bruno, dono do blog EH PRETO E BRANCO

ahhh, e já sou seguidor daqui também!
abraços

Seo Cruz disse...

Sua regra quanto às salas de cinema se aplicam perfeitamente à minha pessoa!

Filipe disse...

Não vou ao cinema faz tempo.
Não vi o filme, mas vi exatamente o que disse no trecho:
"Os barões não querem, na verdade, é que o longa acenda, em âmbito nacional, o orgulho desses milhares de Lulas que se conjuram em um só. Povo, garis, humanismo e participação política e social ampla são como filhos deficientes que os nobres cidadãos-de-bem-que-pagam-seus-impostos escondem e reprimem. Filhos da luta, repita-se".

Ôrra, meu. É "CORINTHIA, o filho do Brasil" o nome certo do filme...

FELIZ 2010, caro Porta-Voz!
Saúde a todos nós!

VIVA O CORINTHIANS!!!

João Victor Brasil - O CORINTHIANO disse...

passando pra dar um salve e avisar que teu banner já se encontra em meu blog... abraços e até logo!!!

Craudio disse...

Salve, manos véios! E quem aqui mais recebeu o torpedo "Feliz 2009" que este bêbado mandou antes da virada???