23 fevereiro 2010

Hora da Patrulha


A prudência adquirida pelas pancadas no futebol é muito boa para ser aplicada em tudo na vida, tanto em crises quanto nas bonanças. Lembro do arsenal apontado a todos que sempre estiveram ao lado do
governo Lula na ocasião do tal mensalão, na verdade uma prática nascida em ninho tucano. Era crime inafiançável declarar voto ao metalúrgico, assim como tentar esclarecer com dados e fatos que as denúncias não eram exatamente aquilo que a imprensa mostrava.

Já se vão alguns anos e o país vai melhor do que nunca, sobrevivendo a crises mundiais, tirando muita gente da miséria e criando empregos em ritmo e número inéditos. Até mesmo o mensalão serviu para que Lula se livrasse de alguns vícios antigos para trazer à tona novas lideranças políticas, haja vista a futura presidenta do Brasil. É por isso mesmo, por acreditar que não devemos nos comportar tal qual os inquisidores de outros dias, que esta Hora da Patrulha não vai tripudiar sobre o generalzinho Kassado. Pelo contrário, abriremos espaço para discutir o motivo da cassação: o financiamento de campanhas.

Receber dinheiro de empresas e de pessoas físiscas para bancar a corrida eleitoral sempre foi uma algema em qualquer político, corrupto ou honesto. Ao mesmo tempo, muita gente torce o nariz para a proposta de verba pública porque se fixa na tacanha visão do "é meu dinheiro". Ora, meu caro, é seu dinheiro de qualquer maneira. Se o cara não usá-lo na campanha, vai fazer isso - e com muito menos prudência - depois de eleito. Atrelar candidaturas ao caixa do Estado só aumenta o comprometimento dos postulantes com o povo.

Notem que, no caso da cassação, o processo atingiu todo mundo. PSDB, DEM e PT figuraram na lista e, curiosamente, todas essas siglas já posaram de defensores da moral e dos bons costumes em algum período de suas trajetórias. Ao lado deles está a imprensa, que nunca dá pitacos quando há processos de investigação sobre patrocínio de políticos, talvez por receio de ser pega. Ainda assim, é sempre bom destacar que se tivéssemos uma Marta ou uma Erundina na prefeitura, elas estariam sendo esquartejadas na Praça da Sé.

De tudo isso, podemos concluir, seguindo a prudência supracitada, que o Kassado colocou em seu currículo (eu disse currículo!) algo que nem o Pitta conseguiu. Concluímos também que o DEM, paladino da correção política, se vê envolvido em denúncias de corrupção muito graves, todas elas muito características do antigo PFL. Concluímos, ainda, que as TVs e jornais não levantaram a voz contra o desgoverno Serra/Kassab porque nunca na história deste país se viu tanta propaganda da dupla - ontem mesmo, com o caso da cassação explodindo, Kassab aparecia na TV culpando a chuva e o paulistano pelas enchentes. E concluímos que há dois lados bem definidos nesse jogo político-midiático dominante da pauta em 2010: os que querem melhorias e propõem soluções e os que gostam das coisas como estão para continuar mamando - ou continuar sendo ignorantes.

*P.S.: ainda nesta semana, uma Patrulha especial sobre a volta às aulas da rede pública.

2 comentários:

Filipe disse...

Crucial, meu caro. Parabéns pelo texto.

Essa propagandinha de ontem foi o que de mais escroto pude ver nos últimos tempos. Escrota. Bem ao estilo demoníaco-bambi.

E VAI CORINTHIANS!!!

Corinthiano disse...

Fugindo um pouco do assunto, mas nem tanto...

A propaganda ecoa pelos quatro cantos de SP. "A estação do metrô Sacomã, é mais moderna da América Latina". Eu fui lá, se ela é mais moderna o resto ta osso. Trocaram a catraca por uma porta transparente (pra que?) e na plataforma existe uma contenção anti-suicidio. Fora isso é identica ou pior do que as outras.

Abraços

Clayton