10 novembro 2009

Só em SP


Além das reações de nojo naturais acerca da expulsão da menina que foi ovo-acionada há duas semanas na Uniban por conta de uma saia curta, algumas ponderações marginais ficaram pendentes. Preocupou-me, antes de tudo, as críticas que começaram a pipocar sobre o ProUni, feitas inclusive por gente bastante esclarecida. Dizem, erroneamente, que o programa de inclusão ao ensino superior do governo federal é quem banca essas "universidades de esquina", lugares propícios para a ocorrência de imbecilidades. Em primeiro lugar, se há universidades de esquina, é porque elas apareceram durante o viés mercantilista do MEC na gestão da dupla FHC/Paulo Renato. Foi a administração do monarca tucano que instituiu as fábricas de diplomas financiados durante 4 anos, não levando em conta projetos pedagógicos, qualificação de corpo docente e todas aquelas preocupações básicas com a Educação. Em contraposição, o ProUni não dá dinheiro às faculdades diretamente, mas sim banca o acesso a quem jamais sonharia em pisar numa universidade. São duas situações bem distintas. Segundo que foi na Medicina da USP onde mataram um chinês na festa de recepção de calouros.

Quanto à postura dos alunos da Uniban diante de uma menina sem noção,
é inegável que só num lugar como SP (e aqui me refiro ao Estado, já que a balbúrdia aconteceu em SBC) esse tipo de atitude ainda seja comum. Qual o problema de alguém - sem a mínima noção do ridículo, diga-se - sair pela rua (mal)vestida do jeito que quiser? Sobre as roupas, cabelos e maquiagens dos emos, por exemplo, ninguém fala nada...

Me formei não muito tempo atrás, mais precisamente em 2003, e na minha época (isso é uma expressão de quem já sente o peso da idade) a gente não importunava os boca-abertas dessa maneira. Geralmente criávamos um bordão - os amigos de Cásper vão se lembrar de "Ae, Edgar!" e o pessoal do colégio certamente tem na memória o "já chegou o disco-voador" quando avistávamos nosso obeso coordenador à distância - e a zueira nunca passava dos limites. Vou além, e digo que às vezes íamos tomar cerveja com os alvos das brincadeiras.

Meu ponto, portanto, incide na decadência paulista que acabou até mesmo com as brincadeiras comuns de qualquer moleque que tenta tornar mais divertida sua trajetória acadêmica. Colar chiclete no cabelo, jogar bolinhas de papel no rego do gordinho, grudar o estojo da professora na mesa com Super Bonder e sumir com a mochila do teu amigo não têm mais a menor graça. O lance agora é promover a humilhação pública e injusta, filmar isso pelo celular e jogar o troço no Youtube. A alma e o valor ao ser humano está cada vez mais raro e isso é legitimado até mesmo por quem deveria educar (no caso, o conselho da universidade que decidiu pela expulsão da garota). Destrói-se a vida de uma pessoa sem pudores, tal qual o covarde armado que mata alguém no trânsito por conta de uma buzinada.

É cristalino que essa moça está se aproveitando da repentina fama que obteve e provavelmente vai ganhar o seu cascalho nessa brincadeira toda - se não na Playboy, talvez naquela Brasileirinhas ou um filminho com o Frota. Mesmo assim, não é possível aceitar que ainda existam tantas pessoas pensando como os babacas da Uniban, babacas esses que também podem ser encontrados na USP, Unesp, Unicamp, Cásper, ESPM, FAAP, Federais, FATECs e tantas outras instituições de ensino. Uma coisa, no entanto, não muda nunca: isso só acontece em SP.

5 comentários:

João Medeiros disse...

Pô Claudio,

Já disse aqui e repito: Acho uma babaquice essa rixinha idiota entre SP e RJ. Sou carioca e não tenho problema nenhum com Sampa nem com paulista. Se gosta de mulher, futebol, cerveja e rock é sangue bom. A naturalidade do cidadão não ajuda nem atrapalha.

Mas tem umas coisas que só acontecem em São paulo mesmo, parceiro.

Cara, tô de bobeira até agora com essa reação com o tamanho da saia da menina. No início, pensei que a manifestação por uma saia mais curtinha. Meu velho, é bom demais estudar vendo umas pernocas femininas de fora. A vida sexual da menina não me interessa, a não ser que ela queira me dar um pouquinho também.

Fiquei pasmo quando descobri que a bronca era porque a saia era MUITO CURTA !!!!!!
A garota merecia palmas, prêmio, não vaia. E o pior foi a Universidade dando razão aos nazistas que queriam linchar a menina porque ela é gostosa e estava mostrando isso !!!!!

Que viadagem. Cara, isso é coisa de bambi. Um corinthiano ou palmeirense de verdade não faria isso. Antes, ia trabalhar a menina na idéia pra olhar o resto...

Abração, irmão.

Filipe disse...

Japonês, abordaste o "tema" (se é que esse caso merece tal alcunha) com a propriedade que NENHUM veículo de abutre corrompido. Parabéns.

Não é à toa, caro João, que a "universidade" (se é que aquilo merece tal alcunha) recebeu justamente o apelido de unibambi. São os talebambis, a eugenia inversa expressa no ato corrosivo de achincalhar uma moça que não fez nada a não ser provocar a libido. Isso é ruim? Ah, pra babaquice do "politicamente correto" talebambi, é.

E, pasme. A trolha inventou de colocar uma modelo com trajes similares, sem sutiã, com o biquinho do peito apontando o céu. E a galera da PUC se mostrou igual à galera que consideram "pior", por ter menos dinheiro. Assim é o paulistano. E ainda diziam que a moça - gostosa, provocante, sensual - devia ser da unibambi...

Não é à toa que só aqui não temos bandeiras nos estádios. Isso pra ficar apenas em um exemplo. Porém emblemático exemplo.

Dizem que a moça da unibambi mostrou as partes íntimas para alguns rapazes que filmavam com seus celulares. E ao ver que a moça estava sem calcinha, a bambizada entrou na revolta. Alguns até gritavam "buceta aqui não!".

Bruno Ferraz (sOUL) disse...

Faltam aproximadamente 20 dias para eu me formar, e justamente, estudo na Uniban(vergonha), é que a minazinha não tem nada de inocente é fato, visto que ela estava quase nua com aquele micro-vestido rosa, agora a selvageria dos alunos da uniban não tem explicação, o que a instituição deveria ter feito e não fez, era punir os envolvidos na baderna, mais ao invés disso, houve uma total inversão de valores no caso, e a Aluna que foi humilhada virou a culpada pelo episódio.

Como só acontece em São Paulo também, manifestações na Puc para que seja permitido o consumo de maconha em suas dependências, ou, na Usp manifestações para que a policia militar não transite dentro da universidade.

É que falar mal da UNIBAN, visto sua pequena representatividade acadêmica é mais fácil, da puc e seus maconheiros ninguém fala nada.

Mais de qualquer foram, as bestialidade em são paulo, vive dando mostras de força.

Abraço Claudião!

Craudio disse...

João, o pior é a paulistaiada não crer na veracidade dessas pequenas diferenças - que na verdade são defeitos - que só essa terra de merda tem. Só tem reacionário babaca nessa porra.

Filipe, e justamente o politicamente correto faz com que saia curta seja motivo de balbúrdia.

Brunão, reforço isso. Não se trata de Uniban. Como eu disse, foi lá na USP que mataram o calouro.

Abraços a todos, e bora defender o Lula nessa cagada de apagão...

Thiago disse...

e a classe mérdia que usa isso na camisa.