10 maio 2010

Perspectivas


Começou no frio e nublado Dia das Mães mais uma edição do modorrento Campeonato Brasileiro por pontos corridos. O Corinthians fez o que tinha que fazer ao arrancar a vitória na primeira rodada, apesar do sofrível futebol ressacado pela eliminação da última quarta. A coisa foi tão desanimadora que eu me vi, a certa hora do jogo, torcendo por um bom desempenho do inominável, curiosamente o destaque da partida. Vejam a que ponto chegamos: é preciso torcer por Souza para ver se o treinador bunda-mole perceba que o jogador bunda-gorda é sempre um a menos. O mundo dá voltas...

Infelizmente, é isso que veremos até dezembro, no encerramento do torneio que foi elaborado para testar o saco e a resistência do verdadeiro torcedor. Não tenho a menor dúvida de que os cartolas apostam suas fichas nessa fórmula como uma maneira de afastar de uma vez por todas os teimosos, intolerantes e radicais freqüentadores de arquibancada. Partidas soníferas, classificação determinada mais por erros de arbitragem do que pela postura das equipes em campo e aberrações como um time que muda de nome e de cidade-sede figurando na tabela. Some a isso a interrupção do calendário para a Copa do Mundo, que tem grandes chances de ser uma das piores da história.

De nosso lado, as perspectivas também não são as melhores. Se no ano passado, o clima de ressaca durante o nacional era por conta de duas conquistas incríveis, uma delas de maneira invicta, em 2010 parece que a desculpa dos vagabundos será a saída da Libertadores. Não dá mais para acreditar que esse grupo de atletas irá se sensibilizar com o Centenário alvinegro, passando a jogar com a raça e a vontade que a data obrigatoriamente determina. A celebração de nosso século de história e glórias ficará, como previsto, por conta da Fiel Torcida.

Gastaremos tempo e dinheiro que muitas vezes não temos, ficaremos no concreto sob sol ou chuva, exaltaremos os guerreiros do passado e protestaremos contra a diretoria cada vez mais vil. Nada comoverá os aproveitadores, tampouco jogadores e a corja das salas ar-condicionadas do Parque São Jorge. E na reta final, caso tenhamos condições de ganhar o título, ainda teremos de agüentar novamente o pessoal das palminhas que, curiosamente, não apareceu no Pacaembu no último domingo.

É o que nos espera. É esse o futebol da modernidade. Até quando?

8 comentários:

Bruno Ferraz (sOUL) disse...

posso Postar esse texto aí no meu blog?

Depois da renovação do Mano, e da volta atrás no pedido de Demissão do Mário Gobbi, não tenho condições de postar nada.

¬¬

Abraço Claudião!

Rodrigo Barneschi disse...

Mano,

O que precisa ficar claro é que esse clima de velório não se deve tanto às fases ruins dos dois grandes clubes paulistanos, mas sim ao sistema de disputa.

Na boa: eu fui ao Palestra sábado (pela obrigação que nos compete), vi o jogo ao vivo e depois os melhores momentos pela internet ao chegar em casa (também por inércia) e só. Não quis saber como foi a rodada de domingo, só sei dos resultados dos outros times aqui de SP porque é impossível não saber, e nem me importa o que fizeram todos os demais participantes dessa trolha.

Só espero, de verdade, pelo rabaixamento do time do Mato Grosso do Sul. Isso é importante.

Craudio disse...

Brunão, devo dizer que o desânimo é tanto que esse texto foi um parto. se quiser, manda bala.

Mano, com certeza. De qualquer maneira, essa fórmula também reforça o velório. Quanto ao time do MS, começaram muito bem. Tomara que sumam!

João Medeiros disse...

O desânimo assola esse lado da Dutra também. O momento ruim do time e a fórmula babaca vão minando a resistência daqueles para quem, há algum tempo, o melhor programa do mundo era ir ao estádio de futebol. Aos babacas, que bateram palmas para a "eliminação digna" do VASCO na Copa do Brasil, dedico a derrota de ontem na estréia do modorrentão 2010. Que continuem batendo palmas para o fracasso. Tá foda, japonês...

Craudio disse...

No final das contas, João, a babaquice pede essas palmas. Pra nego que tá achando que futebol é show, é circo... Mas o ponto é isso mesmo: confundem torcer com ser omisso, num "apoio" que eu não entendo muito bem.

Charlinho disse...

e tem gente chamando a torcida de modinha por criticar a falta de empenho do time.Falar mal pelos lados da venus prateada acho que não pode,mas para quem escreve que o INOMINAVEL brilha muito ai ja é demais.abraços

Craudio disse...

Charlinho, aquilo lá é de uma boçalidade sem tamanho...

Filipe disse...

A modernidade dos pontos corridos possibilita planejamento. Sabiamente dissemos, na Assembléia da Arquibancada, que planejamento é roubar torcedor.

E é a Fiel que tem que fazer a Festa.

No mais, ironia!, esperemos que os estádios lotem, Japonês!