29 maio 2012

Sete!


Você sabe mais do que eu que o 7 tem milhares de significados e associações, bem daquelas que são cheias de coincidências que nós gostamos tanto. O que você não deve saber muito claramente é o quanto esses nossos 7 anos me fizeram e ainda me fazem um bem. Acho que eram sete horas quando a gente se olhou naquele caminhão e você me chamou para entrar na boléia. Cada cheiro daquele momento vem rapidinho quando me recordo...

Para cada vez que esqueci de dizer, um AMO VOCÊ gigantesco. Para cada cagada que fiz ou ainda vou fazer, uma desculpa dolorida porque te fiz sofrer. Para todas as vezes que você achar - erroneamente - que eu ando meio desligado de você, lembre que eu estou pensando num jeito de te deixar feliz.

E para aquela música que eu sempre quis compor para você, mas nunca tive o menor talento para tanto, acho que essa aí embaixo diz um bocado do que eu gostaria. Pode ser porque aquele filme que eu gosto tanto tenha ajudado a associar, pois também gosto um monte de ti.

AMO-TE MINHA ÍDALA EVINHA!


"Você é meu caminho 
Meu vinho Meu vício 
Desde o inicio Estava você... 

Meu bálsamo benigno 
Meu signo Meu guru 
Porto seguro Onde eu voltei. 

Meu mar 
E minha mãe 
Meu medo 
E meu champagne... 

Visão Do espaço sideral 
Onde o que eu sou 
Se afoga! 

Meu fumo e minha ioga 
Você é minha droga 
Paixão e carnaval..."

22 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Criança, não verás...


Eis a quarta parte da série "Corinthians, modéstia à parte", obra belíssima do pernambucano Nailson Gondim. Para pensarmos no Corinthians que queremos para as futuras gerações.

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Criança, não verás...

É em pequeno, já que a gente começa a entender por que o Super-homem é corinthiano. O Batman também. Carlitos, então!... Tarzan, os Flinstones, Mickey, Popeye, Homem Aranha, Pinóquio, Pateta, a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo (menos a Cuca, que se veste de verde. Xô!). Quase todo mundo, enfim, é corinthiano. E a gente revela esse segredo sem mistério na coleção e figurinhas preferidas, nas paredes do quarto, nos adesivos colados onde podem (e às vezes onde não devem). Tudo passa a ser Corinthians. Esse inexplicável Corinthians de fortes gritos e tanta gente miúda - pequenos mosqueteiros, fiéis ao lema "eternamente dentro dos nossos corações". Repare quem quiser: não é um só coração, são vários. O Corinthians já vem no coração (não vem no sangue, o sangue é o suor). Por isso, pouco adianta que pais insensatos tentem mudar o caminho escolhido e definido - Corinthians ontem, hoje, amanhã e depois de amanhã - pelo filho esperto que diz "tá bom, paiê... tudo bem, maê...", mas na primeira esquina mantém sua direção. O destino, não tem jeito, é um só: Parque São Jorge, ponto de partida para o que der e vier. O corinthiano mirim é até capaz de sair de casa não-corinthiano (de mentirinha, né?), mas volta corinthiano quando vem da escola, da natação, do passeio... do carregamento na feira ou da mendicância nos cruzamentos da cidade (por que não?). É assim que age o corinthianinho atento aos dribles que ele vê apenas o Corinthians dar nos tontos adversários - o que o diverte, porque driblar o adversário é também um truque infantil. É o mesmo que pular o muro de casa ou sair pela porta dos fundos para jogar bola na rua; comer o lanche antes do recreio; ligar para a escola e dizer "aqui é meu pai", justificando uma ausência preguiçosa. Derrota? Ele entende: o adversário não era corinthiano (redundância, e daí?). Porque se fosse ele, o corinthianinho de voz firme e decidida, não derrotaria o Corinthians - seu Corinthians de poster aberto por todos os cantos, que veste seu time de botões, que dá vida à sua camisa sempre à espera de autógrafo. As 17 regras do jogo ele conhece muito bem. E sabe bastante sobre pênalti a favor, roubo do juiz, impedimento do adversário e falta de sorte. Idéia própria de quem, a respeito do Corinthians, somente se explica com o coração. Está certo. A cabeça é para aproveitar cruzamentos na área e pimba! no canto ou no ângulo do gol. O corinthiano pirralho concorda com ele mesmo, assina e dá fé, porque é de fé. E, por seu tamanho e idade, vive sonhando poder um dia engrossar também - e quanta vontade! - a corrente de paixão que nos estádios é uma só voz; e, quem sabe, entrar em campo com um número às costas e fazer o que seu ídolo não pôde; ou, então, brigar com todos os adversários, tirando satisfação com um corajoso "tão pensando o quê?". Mas o juiz pode expulsar, é verdade. Não importa, porém, porque em seu interior há uma força conhecida e reconhecida. Ninguém vai ligar para juiz, autoridade que todos xingam mas gostariam de ser um deles para fazer o Corinthians mais campeão. Esses desalmados juízes não fazem isso. ("Juiz ladrãooooo!") O Corinthians dos pequenos é fascinante, é fabuloso, é um mundo encantado. E o Corinthians dos grandes... bem, o Corinthians dos grandes não é diferente, porque só existe um Corinthians. Por isso, a gente cresce assim, preparado e esperando um dia chegar para dizer aos menores: "Criança, não verás nada como o Corinthians!..."

15 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Aqueles anos


Segue o terceiro capítulo da série de transcrições do livro "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim. Aliás, bastante oportuno nesse momento de decisão.

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Aqueles anos

A sorte mal-assombrada já fez o time tremer. Se, de um lado, havia o "Timão", de outro aparecia (sempre!) o bicho-papão, mito maléfico que existiu de várias formas e por muito tempo assustando a legião corinthiana. Eram os anos de insucessos - nebulosos, tenebrosos e escabrosos. Ossos! Foram muitos os que se queixaram dessa assombração: "Esta camisa pesa" - diziam eles. Apegavam-se a isso, as pernas não corriam, os pés não chutavam. Brigar? Brigavam o quê! (Lembremo-nos das pernas bambas e pés impotentes de 1974.) Perdiam títulos e atiravam a responsabilidade aos gritos de desespero que saíam das arquibancadas e embocavam túnel adentro. Nada entendiam de amor à camisa, tradição, rivalidade, e, por isso, jamais a maioria pôs o coração no bico das chuteiras - o coração no bico das chuteiras, o coração... - e partiu para a luta. Suavam como qualquer um, em vez de mancharem a camisa com sangue. Derrota com sangue é vitória corinthiana. E não havia motivos para a maioria tremer porque milhões de mãos esfoladas empurravam o adversário para trás, como se derrubassem barreiras, barricadas e muralhas. Nada. Sobrava, como réstia das agruras, o detestável "o ano que vem é nosso". Os rivais até sabiam como fazer para aumentar o sofrimento corinthiano: "Toca a bola, deixa o tempo passar, que eles se desesperam com os gritos da Fiel". A luta contra o relógio foi martirizante. Nunca se olhou tanto para o placar como naqueles anos abomináveis. Coisa chata, impertinente e cabulosa. A saudade de grandes ídolos era constante. Os superticiosos viviam repetindo: "Enterraram um sapo no Parque São Jorge". Outros argumentavam: "Foi praga não-sei-de-quem". E os anos passando. Festa? Só alheia. E todo o povo corinthiano, castigado e ferido, espiando à distância a farra estranha, sem participar daquelas comemorações, descredenciado igual aos que não têm ingresso para o baile. Nem passe de mágica - e isto resolveria o grande problema - foi dado. A fantasia era patente disneyana e pronto. Droga!... Ninguém, porém, desistiu no méio da trégua, perdeu o sono no pesadelo ou debilitou-se no jejum fatídico. O desânimo não tinha lugar nas arquibancadas sempre espremidas e forradas com bandeiras e esperanças. Um dia - e todos acreditavam, e todos sabiam, e... - o drama teve fim. Fez-se a luz. Heureca!, ou melhor, Corinthians! Soaram palavrões de desabafo, destruíram a Avenida Paulista - segundo queixosos suspeitos - e esculhambaram o trânsito. Tudo pela vitória. Acabaram-se os desgostos, as frustrações e os desafios. A propósito: onde andam aqueles anos?... Vade retro, Sátana!

08 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Nas cores, na raça e na vida


Dando continuidade à série, eis o segundo capítulo. Perguntaram no último post onde encontrar o livro, mas eu acredito que seja quase impossível porque nem mesmo a editora existe mais. Vale garimpar em sebos.

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Nas cores, na raça e na vida

Ninguém sabe como ele nasce. Sabe-se apenas que ele vem, como tantos, a gastar a sola dos sapatos (que nem todos têm) na caminhada que se costuma fazer num quase-e-sempre sem fim em direção à luta. Ele não deixa - e é questão predominante - de defender com sua força sobrenatural. É um estado de graça, oxém! bá! pô! uai!... Encontra argumentos com facilidade para derrubar o rival invejoso. Ele se esquece até da timidez, se for tímido, pois se nada fala na escola, em casa, na esquina e no trabalho, no estádio ele grita. Berra mesmo! Brado forte que pode ser sonoro ou silencioso (há vozes que se perdem no peito). Ele aparece em todos os momentos, jamais se esconde. Sente orgulho da fé que arrasta até nas mais longas adversidades. Faz de seu peito estofado uma arma. Ele, sozinho, vale por dois. É visto em qualquer lugar e, por isso, causa admirações. Já se multiplicou em milhares e foi êxtase - em meio a uma agonia - no maior estádio do mundo, o Maracanã. Simboliza interrogações e exclamações. Bastam poucos exemplos para mostrar quem ele é, como é, que faz... É mosqueteiro. É fiel. É gavião. Também é craque: defende, ataca, arma jogadas, toca a bola, "cava" pênaltis... E sem sair de seu lugar na chuva ou no sol!. Pensa e cria todo o tipo de esquema de jogo, articulando tudo em campo, como experiente estrategista. É ele quem comanda as jogadas, sim, senhores. Nunca ouviram falar em força do pensamento, não? Então...! Ele erra, às vezes, pois é paixão, é emoção. Mas está sempre procurando acertar. Briga por um título o ano inteiro. Chega à conquista desejada, atinge a meta que pretendia, realiza seu sonho... depois chateia. Ele diz assim: "Esse negócio de ser campeão todo ano já está perdendo a graça". Os outros do lado de lá (amém) ficam loucos da vida. Ele é chamado de "roxo", "fanático" e "doente", mas não é nada disso. Ele é apenas branco e preto: nas cores, na raça e na vida.

03 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Exemplo de nação



Já havia falado sobre o livro Corinthians, modéstia à parte, do jornalista Nailson Gondim. Trata-se de obra rara não só pelo conteúdo, mas por ser quase impossível de achar, pois nem mesmo a editora existe mais. O pernambucano Gondim também cantou para subir e nos vigia, ao lado de São Jorge e de nossos ancestrais

Sendo assim e em homenagem a todos eles, irei transcrever, sempre que possível, essa histórica publicação que faz jus à grandeza do Todo Poderoso. Adianto que há um texto imperdível do doutor Sócrates, que ocupa a orelha da capa. Acompanhem.

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Exemplo de nação

O povo não desanimou com o golpe mais sentido de sua história. Foi um golpe duro, violento e traiçoeiro, capaz de desmantelar a maior das facções. Mas, apesar disso, o povo resistiu e reagiu. Nasceram até novas facções. E a nação, mesmo massacrada, sufocada e oprimida, ganhou força. Ninguém desistiu da luta em nenhum momento - haja raça, garra e coragem! E havia motivos para desânimo: São Jorge, um guerreiro, foi cassado; Elisa, um símbolo de luta, foi humilhada; e o cego Didi, uma imagem da fé, perdeu seu direito ao título. Estava tudo em outras mãos. A peregrinação do povo em busca de seu respeito relegado de nada adiantava. A minoria sempre dominava. Mas o povo era um povo que, embora derrotado, jamais se entregava. Foi muitas vezes debochado; agente de espoliadores; vítima de mentiras demagógicas... E manteve-se de pé, firme, com fôlego para ir em frente. Ainda que com os pés desgastados, as mãos calejadas e o rosto pingando suor. Peito erguido, porém; bolsos vazios, é verdade. Mas foi, acreditando em sua esperança. Perseguindo sua verdade, sua história, sua vida. Amando uma bandeira, defendendo-a e cantando seu hino. Todos de mãos dadas. Gigante pela própria natureza - assumiu o lema emprestado do compositor. Avançou nos dias de tropeço... E os adversários, cruéis, contando em voz alta os anos de dissabor para irritar o povo sofrido. Irritavam medrosamente. Sabiam que entre eles um entregava o poder para o outro, outro para um, numa sucessão miserável. Às vezes, o povo se aproximava do poder. Apenas um sonho. Sonho de muitos anos de pesadelo. E eles - em casta, bando ou horda - olhavam de esguelha a mão estendida do povo e chutavam para longe o que - pensavam - era só deles. Ou podia ser só deles. Do povo eles queriam somente a fonte de renda. E exploravam-no, fabricando-lhe entusiasmo, provocando crença na vitória que não vinha para, no fim, fazê-lo sofrer com a ilusão sempre adiada para o próximo ano. Promessas, promessas e promessas. Criaram até rei nesse período. E o rei - deles - depois de reinar, ditou: "O povo não sabe votar". E o povo engolindo (tudo) seco. Gastando o pouco da saliva que lhe restava. Mas sem perder seu grito forte. Grito de guerra, não de súplica. E a minoria insistindo em castigar o povo. Com argumentos tolos é que se explicava. "Tudo mentira, ouviram?!..." O povo foi perdendo a paciência. Sua voz se espalhou em coro por toda a nação. E veio - suada, rouquenha e festejada - a conquista do espaço que enterrou definitivamente os mais de 20 anos de repressão, sacrifício e injustiça. Esta é a Nação Corinthiana. Onde todos lutam, onde todos são campeões, onde todos defendem um grito em comum: Corinthiannnsss!!!

23 abril 2012

Confessionário


Valei-me, São Jorge guerreiro, neste dia em que poucos entenderão o recado que você mandou. Sei que deve partir teu coração dar essas duras lições em teus servos que, vez ou outra, esquecem dos teus preceitos. A cobiça e a empáfia jamais deveriam estar presentes no espírito dos seus seguidores, mas ultimamente o Corinthians planava sobre um chão perigoso, cheio de buracos.

Perdoai, santo guerreiro, aqueles que não enxergaram teu recado e simplesmente abandonaram o portão que o simboliza lá no Templo Sagrado, deixando que vagabundos da pior espécie aprontassem com a Fiel Torcida - de presença risível por conta do caríssimo ingresso e da bunda-molice - e fossem para casa tranqüilamente. 

Sei, por exemplo, que o senhor não engoliu muito bem aquela história de pseudo-corinthianos contestando uma das poucas idéias positivas dos canalhas das salas ar-condicionadas do Parque São Jorge, que sugeriram uma imagem tua em Itaquera. Sei, ainda, que escutar um incompetente falando asneiras como se fosse um sábio treinador, bem como aturar muitos descompromissados vestindo nosso manto, deve causar náuseas. O papinho de "não vamos aumentar os ingressos" e sangrar novamente o bolso do torcedor é outra dureza.

Teus ensinamentos, e só isso, São Jorge, me alentaram nesse último domingo tão desprezível. Para tudo há um propósito no caminho de luta que você lidera. Mais uma vez, o senhor escancara a todos que não devemos suportar um Corinthians excludente, sem alma e pactuado com a mediocridade que as chamadas "regras da vida" tentam nos impor. Pelo contrário, vem o senhor nos lembrar de nosso papel de referência e de contestação, facetas que marcaram o modus operandi de nossos ancestrais. 

Falando neles, garanta-lhes paz a todos, que hoje compartilham a raiva de cada coração alvinegro. Salve esses teus filhos brigadores que, quando solicitados, entraram em campo sincronizados com o seu povo e fizeram do Corinthians o gigante que ele sempre foi. Tranqüilize cada espírito corinthiano do plano superior.

Deste teu servo, santo Padroeiro, espere nada mais do que vontade de lutar contra o puteiro que se instalou em nossa casa. A prova de fogo se repete, como há 100 anos. Abençoai-nos, para que tenhamos a mesma força e sigamos os mesmos preceitos daquela gente que, contra todos os obstáculos, materializou o sonho do corinthianismo.

QUEM NÃO FOR CORINTHIANO VÁ PARA A PUTA QUE PARIU!

17 abril 2012

Os espelhinhos estão trincando


Quando trazemos à tona aqui a questão dos espelhinhos de convencimento, estratégia utilizada pela diretoria do Corinthians para iludir os torcedores nesse perigoso mundo de fantasia em que estão afundando nosso clube, sou chamado de retrógrado, radical e intolerante. Muitas vezes, ouço acusações de que sou, vejam só, contra o Coringão, quando na verdade estou fazendo a defesa de nossa história e nossas tradições. São esses tempos modernos, de pensamento mercadológico, conformista e descompromissado do falido modelo de funcionamento neoliberal.

Mas, aos fatos. A chegada das fases decisivas do Paulistão e da Libertadores fez com que as salas ar-condicionadas do Parque São Jorge se movimentassem na direção de mais um aumento abusivo no preço dos ingressos, como se não bastasse as constantes elevações que a Fiel vem pagando desde 2009, data inicial da implementação despudorada da lógica do biziness. Paralelamente ao intenso blablablá em torno da questão, houve uma grande manifestação de combate a esse direcionamento com as ações do coletivo Brigada Miguel Bataglia, ações essas que provavelmente chegaram aos ouvidos da corja do quinto andar. Por meio de panfletagens, a Brigada vem mostrando sua força na conscientização da família corinthiana sobre as diretrizes atuais, todas elas um prenúncio de muita obscuridade no futuro do Time do Povo.

Curiosamente, esse imbróglio todo contou com uma sucessão de acontecimentos que indicou, na verdade, um roteiro tragicômico. Vejamos:


Primeiro ato: o vice-presidente solta na imprensa a possibilidade da majoração de preços, criando o estopim para o debate público.

Segundo ato: avaliam, os dirigentes, a conseqüência da irresponsabilidade, da mesma maneira que fazem com aquelas baboseiras marqueteiras que nada agregam ao futebol.

Terceiro ato: há uma reunião na FPF, em que é decidido que o preço das arquibancadas nas eliminatórias do Paulistão será de R$40 (10 a mais que o preço normal).

Quarto ato: o presidente joga para a torcida, bradando aos microfones que neste ano de 2012 não teremos aumento (mas já sabendo do resultado da reunião).

Quinto ato: o site oficial do clube lança uma nota ridícula dizendo que o aumento é culpa da FPF, mas que o Corinthians votou contra. Não informa, porém, se irá manifestar essa contrariedade em descontos ao torcedor para absorver tal inflação.

Epílogo: a massa de manobra aplaude a bondade e generosidade do presidente, que tentou lutar por nós.

Apêndice: quem reclamar, é do contra.

A fórmula acima vale para qualquer assunto de grandes proporções relacionado ao Corinthians. Da contratação de jogadores aos assuntos políticos e das fofocas que rondam a sede social, sempre temos esse dois-mais-dois resultando sempre em cinco.

Só que agora, há uma pequena mudança nesse pastelão. Há gente vacinada contra esse tráfico de influência que acontece sem censura no Timão. Há fiéis seguidores do corinthianismo que lutam em defesa do nosso Corinthians. Aqui, canalhas, tem um bando de loucos muito bem informados, esclarecidos e aguerridos, que desconfiam de tudo e continuarão protestando não só contra o aumento, mas também pelo barateamento dos ingressos. O Corinthians é do povo, e não de meia dúzia de vendidos que mamam na teta gorda e partem deixando seus excrementos no Parque São Jorge.

A luta não pára!

ACORDA, FIEL!

05 abril 2012

Sugestão


O novo Conselho Deliberativo do Corinthians tomou posse há coisa de um mês com o discurso de ampliação de debates para aumentar a participação política dentro do clube, retomar valores do corinthianismo e cobrar dirigentes.

Tudo muito bonito.

Mas a primeira grande decisão do CD chegou via abutre, dando conta que o grupo de nobres senhoras e senhores aprovou, por unanimidade, a elevação de um busto ao vil Andrés Sanchez. Como isso indica que o Conselho está muito atarefado e com pautas de ampla complexidade, deixo aqui minha colaboração e, desde já, total apoio a mais um monumento para ser instalado no Parque São Jorge:



Cada uma...

Acorda, Fiel!

26 março 2012

Pernacchia, porcone!


Apesar de inúmeros pesares de antes, durante e depois de mais um derby paulistano, a festa nas arquibancadas do Estádio Municipal foi outra doída lição à anticorinthianada. Vencemos a porcada na bola, de virada e com uma apresentação que poderia ter sido coroada com uma histórica goleada caso os jogadores tivessem um pouquinho mais de pontaria e preparação nos treinos - ao que parece, o técnico de merda proíbe treinamento de finalizações por conta do risco de gol. De quebra, ainda acabamos com a invencibilidade e a pose dos imundos, tirando-os da liderança do Paulistão.

É o Pacaembu, senhoras e senhores, e no Pacaembu o Corinthians não perde se assim a Fiel fizer por onde. A avalanche para cima do chiqueiro saiu direto das gargantas alvinegras para o gramado e, em dois minutos, o 2x1 fez tremer todo o Templo Sagrado. O clima, até então tenso pelas notícias das imbecilidades cometidas muito longe da Praça Charles Miller, transformou-se imediatamente numa manifestação de irmandade e alegria.

Há de se ressaltar que as coisas no mundo da bola não acontecem por mero acaso. A esquizofrenia dos bochecha rosa anda à flor da pele, talvez pelo contraste cada vez mais gritante entre as duas agremiações. A força do Todo-Poderoso, constantemente renovada e ampliada, é o oposto do definhamento daqueles que, para justificar seus próprios erros, apontam o dedo para o vizinho. Senão, vejamos.

As acusações dessa gente que está se tornando um braço kardecista do futebol (é alma para lá, nobreza de espírito para cá) são inúmeras e motivariam risos não fosse o descomprometimento histórico nelas impregnadas. Dizem que queremos um tal de "monopólio do sofrimento" e ignoram que foram eles mesmos que criaram a alcunha de sofredor à Fiel. Afirmam que nunca precisaram de arbitragem, mas são os únicos a terem computado a seu favor um gol de juiz. Falam que somos "financiados pelo poder público", mas escondem de onde vieram os recursos para a aquisição de seu chiqueiro (pesquisem sobre o Banco di Napoli da famiglia Matarazzo, que mexeu seus pauzinhos junto ao interventor paulista para ser beneficiada em transações de envio de capital de seus funcionários à Itália). Chamam-nos de novos-ricos, mas são eles que fazem de seu estádio um puxadinho de shopping center de grã-finos no bairro da Pompéia. Insultam-nos com o termo "neo-bambis", sendo que em recente rifa promovida por eles para custear a compra de um jogador, a maior colaboradora do troço foi uma socialite (madame, portanto) que estrelou um reality show chamado "Mulheres Ricas" e que
alguns acusam ser estelionatária.

Os casos de duvidosa nobreza renderiam mais parágrafos, desde a então inédita tentativa de suborno ao Neco - e que porco burro para tentar subornar justamente o Neco - até a canalhice após a morte de Lidu e Eduardo. Não é de nosso feitio, porém, recorrer ao mesmo equívoco dos rivais que, vejam só, detectam agora um esvaziamento do clássico usando como motivo as falácias que desmentimos até aqui. Tais citações só servem para prestarmos esclarecimentos devidos e colocarmos os pingos nos is, além de reforçar que o nosso procedimento deve se basear tão somente na defesa do Corinthians. Sempre, errando ou acertando.

Que a violência, caso necessária
de nossa parte, se volte às salas ar-condicionadas do Parque São Jorge. Hoje e até o próximo derby, é dia de zombar os polenteiros e fazer o que nos cabe para manter a rivalidade cada vez mais intensa tanto na disputa de idéias quanto dentro do campo. O resto é birra, e o remédio para isso é bola na rede.

FAZ A FESTA, FIEL!

AQUI É CORINTHIANS!


24 fevereiro 2012

Carnaval em Pernambuco - registro de um novo amor


É escancarada minha admiração pelo Rio de Janeiro, numa paixão que foi muito fomentada pelo Carnaval do lugar. Só que depois de visitar a Recife e Olinda no último mandato do Momo, o coração ficou dividido. Creio ter passado
em terras pernambucanas e junto da minha Evinha os melhores cinco dias de farra da minha vida. Justificativas para a nada exagerada opinião seguem abaixo.

- Recife e Olinda, as cidades e algumas percepções: o contexto histórico das cidades que visito sempre me interessam demais, e tanto Olinda quanto Recife são riquíssimas nesse sentido. Principalmente nos bairros onde se concentram as construções mais antigas, tudo remete à formação do Brasil e aos traços trazidos pela portuguesada na colonização. Culturalmente, o fato de Recife ter abrigado holandeses em certo período de sua ocupação e, depois, ter sido fortemente influenciada pelas bobagens norte-americanas de república falseada
(a tal revolta do Frei Caneca deve ter sido o primeiro "Cansei" do Brasil), faz com que a receptividade a influências externas seja muito notada no povo de lá.

Estruturalmente, senti falta de uma rede de hospedagem maior, já que estamos tratando de um pólo turístico muito importante. Aqui, uma dica essencial: durma na rua, mas fuja do Arcada Hotel, uma espelunca indizível que nos presenteou com dois dias sem água, debaixo de um calor constante que ultrapassava os 30 graus. Apesar de bem localizado, o troço não é barato e não vale os transtornos, que vão desde chuveiros indecentes até o ar-condicionado assassino para quem tem qualquer tipo de problema respiratório (há o cultivo de mofo confinado dentro deles).

O transporte público é outra coisa que deixa a desejar, ainda que seja abrangente (dá para ir a tudo quanto é canto de ônibus). Dessa forma, se você contar com uma graninha a mais, vale considerar alugar um carro porque os táxis também são meio salgados, quase como os de São Paulo. Mas especificamente para quem vai no Carnaval, o melhor a se fazer é arranjar um lugar na Praia de Boa Viagem, recheada de restaurantes, bancos, bares e que tais, e ficar rodando nos coletivos. Pousar em Olinda durante a folia só serve se você não fizer questão dos milhares de shows das centenas de pólos que funcionam na capital, preferindo os blocos. Essa opção, porém, é mais cara.

- O povo pernambucano: sempre tenho problemas em locais que, acertadamente, não foram empesteados por hordas de orientais. Nessas ocasiões, sou tratado como verdadeiro extraterrestre, com as pessoas apontando dedos, escondendo as crianças e atravessando a rua. Chegando a Recife, porém, o choque não foi tão grande, pois os chineses que fogem de la migra aqui de SP estão rumando em bando para o nordeste. Aliando isso à natural hospitalidade dos cabras de lá, me senti em casa na terra de Lua e Lula. O pernambucano é um orgulhoso de sua terra e vive intensamente todas as coisas de lá, principalmente o Carnaval.

Uma coisa, porém, me irritou profundamente: os caras não te escutam. Não se trata de falta de educação, eles simplesmente não fazem questão de te ouvir. Para alguém que, como eu, fala pouco e fala baixo, é viver num país de surdos. Outra curiosidade é a falta de noção de espaço e de conhecimento daquilo que vai além do cotidiano. Pedir orientações a um recifense sobre qualquer lugar que não esteja em seu caminho significa você tomar no cu. O ideal a turistas é se informar antes e levar um celular com GPS para se familiarizar nos primeiros dias - aos paulistanos, a cidade é pequena e não carece de muito para dominá-la.

Futebolisticamente falando, fiquei impressionado com a quantidade de torcedores de times paulistas. A óbvia predominância corinthiana é dividida com os bambis e porcos na contraposição aos clubes locais.

- O Carnaval, oras: nossa programação começou na sexta-feira, quando chegamos debaixo de um temporal que durou até a quarta-feira de cinzas e foi essencial para a sobrevivência nos dias de folia. Fomos cedo ao Recife Antigo assistir às apresentações dos grupos de maracatu e frevo que jorravam pelas ruas de pedra. A abertura do Carnaval, realizada no palco principal montado pela prefeitura no Marco Zero, foi uma cerimônia emocionante e indescritível que quase me levou às lágrimas.

Já no sábado de manhã, foi a vez do Galo da Madrugada. E o Galo, senhoras e senhores, é algo espetacular e incomparável. Aqui, o roteiro que fizemos serve de dica para aproveitá-lo tranqüilamente, sem o inevitável aperto causado pelas mais de 2 milhões de pessoas que batem cartão no bloco: pegamos o metrô e ficamos na confluência das Avenidas Sul e Saturnino de Brito, de onde vimos passar todos os 25 trios logo no começo do desfile. No mais, prepare-se para uma manifestação revigorante. Aquilo lá é o povo em estado bruto, é gente de todas as cores e lugares se abraçando e cantando frevos, sambas, marchinhas e o que mais der na telha.

Para os outros dias, ficamos nos blocos de Olinda, cujas ladeiras não são tão difíceis de se vencer como dizem (Ouro Preto é muito mais casca grossa) e à noite
nos shows no Marco Zero, numa programação adotada por 99% das pessoas. Destaco alguns pontos altos: o brilhante show de Beth Carvalho no domingo, a multidão de foliões nas ruas de Olinda na segunda-feira e seus milhares de blocos passeando de maneira incansável, o desfile de bonecões na terça-feira gorda e ela, a chuva.

Por que a chuva? Porque naquele lugar faz calor, meus amigos. Faz tanto calor que eu bebia, bebia, bebia e não ficava bêbado. De forma que a água que caía vez ou outra naqueles típicos temporais de verão era uma benção. E o que dizer da cerveja a preço de banana? Latões a módicos R$2,50! Dá para não amar essa porra?

- Balanço: falo por mim, mas minha Evinha deve sentir o mesmo. O Carnaval em Recife e Olinda é obrigatório, daquelas coisas que não devemos morrer sem fazer. Agradecendo seu povo e sua terra e reservando um espaço considerável a Pernambuco no coração, fui embora dali com a esperança de voltar em breve e em grande quantidade, só para cantar:

Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo

Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
As "pás", os "lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguez do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé

15 fevereiro 2012

Peito cheio


Anualmente, aa semana que antecede o Carnaval é tempo de me sentir meio deslocado em São Paulo. É impressionante como está impregnado na mente das pessoas daqui o total descomprometimento com a festa que, em todo o país, acontece desde o mês passado. Fico numa angústia danada vendo o povo trabalhando até tarde, com a maior naturalidade na cara deslavada, como se estivesse contribuindo para alguma coisa senão o prejuízo aos demais brasileiros.

De minha parte, decretei desacelaração no ritmo desde a última sexta, onde fomos Evinha e eu para o Bantantã. Também tomamos chuva no glorioso Cambuci, bairro que abriga o Bloco da Ressaca. Desnecessário dizer que, ao contrário de manifestações abjetas como a ocorrida na rua Augusta - onde a fuzarca era comandada por grandes nomes do samba como a atonal Pitty e Wilson Simoninha (mais conhecido por seu trabalho como filho de Wilson Simonal) -, os tradicionais e insistentes blocos citados contaram com a participação de poucas dezenas de pessoas.

São coisas como essas que me fazem fugir de São Paulo como o diabo da cruz durante o reinado do Momo (que hoje é magro e fashion), num siricutico que começa em meados de novembro. Me levem pra Osasco, mas não me deixem na capital durante a folia. Não é exagero: podem ir às avenidas Paulista ou Berrini às 20h da próxima sexta para ver a quantidade de escritórios ainda lotados, enquanto o Brasil cai na farra.

Eu, no entanto, não terei tal desprazer. Estarei em terras pernambucanas, ao lado da minha preta e do Galo da Madrugada, prestando homenagem ao centenário do mestre Luiz Gonzaga. Mas deixo antecipadamente meus salves a todas os focos de resistência do samba e do Carnaval aqui da garoa, certamente angustiados como eu. Viva os Inimigos do Batente, viva meu Peruche (vamos subir campeões!), seu cantinho e Seu Carlão, viva o Camisa e a Barra Funda, viva a Nenê e a Zona Leste, viva a Vila Maria (torço pelo título), viva o Samba do Maria Zélia, viva Pirapora do Bom Jesus, viva todas as rodas de samba das periferias dessa cidade!

Dito isso, rumo ao norte encher o peito de vida para continuar morrendo aos poucos até o próximo ano. A quem fica, meus lamentos e uma aula de Plínio Marcos logo abaixo. Até a volta!


07 fevereiro 2012

No dia 11, é "Bataglia Corinthians"


Reproduzo aqui as propostas da Chapa Bataglia Corinthians, que no próximo dia 11 de fevereiro estará na frente do Parque São Jorge manifestando sua total discordância com os rumos cada vez mais elitistas e excludentes que os dirigentes estão impondo ao Sport Club Corinthians Paulista. A contextualização dos 10 mandamentos da chapa é feita com brilhantismo pelo meu irmão de arquibancada Filipe.

De minha parte, que a família corinthiana assuma seu papel vigilante e não se deixe levar pelos espelhinhos de convencimento que tanto alienizam nossa torcida. ACORDA, FIEL!


"Um Timão nota 10


As 10 propostas da chapa
“Bataglia Corinthians”

1. Inclusão Massiva – Com cerca de 30 milhões de torcedores e a marca mais valorizada do país, o SCCP deve rever urgentemente sua estratégia de gestão de ativos humanos. Hoje, desperdiçamos recursos e energia com uma política restritiva e elitista do produto futebol. Dessa forma, amplos segmentos da comunidade corinthiana estão sendo afastados da vida do clube. Essa conduta pode gerar, a curto prazo, um incremento de receitas. A longo prazo, no entanto, reduz o contingente de aficcionados e dificulta a implementação de projetos de massa. Para manter seu novo e caro estádio, por exemplo, o clube precisará de público numeroso em todos os seus compromissos.

2. Engajamento por responsabilidade compartilhada – Nos países desenvolvidos, ganham força hoje os projetos sociais e econômicos de gestão coletiva. Seja no compartilhamento de bens ou na troca de serviços, o mundo busca formas de engajamento na administração dos empreendimentos. Não se trata de reprise do coletivismo forçado, mas de uma conversão dos próprios atores do teatro capitalista. Num mundo com recursos escassos e consumo desenfreado, colocamos em xeque a manutenção da própria civilização. Você já percebe esses sinais no trânsito infernal, na enchentes de verão, na contaminação dos alimentos e no recrudescimento da violência urbana. Ou mudamos ou perecemos. Para que assumamos um novo caminho, precisamos horizontalizar o poder, delegar atribuições e mobilizar os membros das organizações, sejam elas públicas, privadas ou de cunho associativo comunitário. Cada corinthiano necessita, portanto, assumir sua quota de responsabilidade. Engajados, somos mais fortes. Compartilhando, fazemos crescer o objeto de nossa paixão.

3. Universalização do direito participativo – Todo corinthiano deve ter o direito de participar da vida do clube. Hoje, o que vemos é um quadro associativo restrito, uma comunidade fechada, em que falta a diversidade e a dissonância criativa. Muitos clubes pelo mundo vêm desenvolvendo sistemas alternativos de associação, procurando agregar também aqueles aficcionados dos estratos econômicos C, D e E. Não há como descrever o júbilo do corinthiano que se vê formalmente agregado à instituição, seja por conta de um título patrimonial ou pela adesão a um programa de torcedor. Nosso atual sistema, no entanto, despreza os corinthianos do interior paulista e de outros Estados. Como afirmar que este é o “clube mais brasileiro” se nos conformamos em abrigar uma pequena elite, preponderantemente paulistana, em nossas fileiras? Até mesmo como estratégia de marketing, o Corinthians precisa alargar seus horizontes e encontrar meios de associar o maior número possível de torcedores, recebendo mensalmente suas contribuições e, em contrapartida, oferecendo-lhes acessos, informação selecionada, descontos em produtos e outras facilidades.

4. Política de voz e voto – Todo associado deve ter respeitado seu legítimo direito de opinar sobre os destinos do clube, de modo que propugnamos a constituição de um fórum permanente de ideias e sugestões, com encontros pontuais e interface de comunicação virtual. Além disso, deve ter garantido seu direito a voto nas eleições para a formação do conselho e da diretoria. Isso quer dizer que consideramos fundamental que o torcedor, alma viva do Timão, tenha assegurado seu direito de co-gerir a instituição, dentro das normas estatutárias internas e das condições estabelecidas pelas leis em vigor.

5. Fusão de instrumentos associativos – Urge, desde já, a extensão de direitos de participação aos detentores de quotas do programa de sócio-torcedor hoje vigente. Já é norma, em muitos clubes, que esses agregados tenham direito a voto nas eleições do clube. Por respeito à isonomia, é necessário que a qualificação como sócio patrimonial garanta ao corinthiano acesso facilitado à aquisição de ingressos.

6. Interiorização do clube – Faz-se fundamental a constituição de uma política de expansão do clube, com sedes em regiões marcadas pela aglutinação de adeptos. Londrina, Uberlândia, Campo Grande, Goiânia e Recife, entre outras cidades, merecem, em tempo breve, contar com extensões físicas do clube do povo.

7. Justa devolução à sociedade – As sedes atualmente existentes e outras que vierem a ser construídas, devem honrar o compromisso dos fundadores. O Corinthians é grande demais para se limitar ao esporte. Seus redutos devem, desde sempre, figurar como opções de lazer e entretenimento comunitário. Também é fundamental que sirva como polo educativo para as populações locais. Deve ser, como sonhado pelos brasileiros do Bom Retiro, um lugar de aprendizado permanente, oferecendo cursos e organizando palestras e debates sobre os mais diversos temas.

8. Valorização de nossos recursos humanos – Desde já, é preciso transformar em craques os milhares de pequenos corinthianos e corinthianas que se destacam nos mais diferentes esportes. Nossas divisões de base, no futebol e outras modalidades, devem receber atenção especial. Esse processo de recrutamento e seleção deve abranger as sedes regionais, citadas na proposta 6, de forma a se aproveitar de maneira integral a oferta de jovens talentos. Propomos a implantação do projeto “Corinthiano do Futuro”, destinado a oferecer assistência de saúde e educação integral aos jovens das divisões de base. Esses valores devem ser contratados pelo SCCP e, assim, protegidos da ação funesta de agenciadores e empresários.

9. Criação da Universidade Corinthians – Constituição de uma instituição com foco em ensino superior, pesquisa e serviços comunitários. Os cursos, inclusive os de pós-graduação, devem valer-se das peculiaridades do clube, oferecendo aos alunos experiências práticas na rica diversidade do universo corinthiano. Cursos de Medicina Esportiva, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Ciências Sociais, Comunicação e Administração Esportiva devem receber especial ênfase na universidade. Atletas profissionais, atletas da base e associados devem ter acesso facilitado às atividades da instituição, de forma especial às jornadas de extensão. Haverá parcela mínima de portadores de deficiência e indivíduos economicamente desfavorecidos nos cursos de graduação, extensão e especialização.

10. Formação de um Corinthians forte e vencedor – Obviamente, essas ações devem compor um cenário de fortalecimento das finanças e da imagem da instituição, o que resultará num aprimoramento das equipes. Um Corinthians de gente engajada e responsável será mais forte, terá receitas que superarão largamente as despesas, contará com atletas de ponta e será vencedor nas principais competições esportivas, seja no futebol, no futsal, na natação, no basquete, no handebol e em outras modalidades. É preciso que os dirigentes do Corinthians saibam que o “business” é, sim, importante, mas nunca como finalidade. Bons negócios e empreendimentos, em nosso caso, são “meio”. O principal objetivo do gestor corinthiano será proporcionar satisfação ao torcedor. Antes de uma transferência lucrativa, preferimos o título. Antes do sucesso do agente de atletas, desejamos equipes competitivas, capazes de honrar nossa tradição vitoriosa. Antes do acordo entre negociantes, buscamos mais uma glória do campeão dos campeões.

Por que aderir a esta chapa

A chapa “Bataglia Corinthians” não concorre oficialmente nas eleições corinthianas de 2012. No entanto, não deixa de oferecer, de forma legítima, uma alternativa ao modelo tradicional de gestão do futebol.

Algumas dessas ideias foram colhidas de modo informal em conversas com o atleta Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira (1954-2011), um dos líderes da Democracia Corinthiana. Ele é, portanto, nosso candidato à presidência do SCCP.

Incluímos também propostas colhidas entre outros artífices da DC, como o atleta Wladimir Rodrigues dos Santos. Outras reivindicações surgiram da manifestação dos torcedores, organizados ou desorganizados, que seguem o Corinthians, no Pacaembu e em outras praças esportivas do país.

Consideramos que o mundo mudou e com ele o conceito de gestão e sucesso. No futebol destes novos tempos, não haverá mais espaço para oportunismos, farisaísmos e esquemas predatórios, destinados a beneficiar cartolas e grupos corporativos que vampirizam a comunidade de torcedores.

O Corinthians deve ser palco do melhor da vida, nunca uma vitrine para especuladores e oportunistas.

Valorizamos nossa história, valorizamos nosso rico capital humano, valorizamos a construção compartilhada do conhecimento, valorizamos o engajamento individual, valorizamos a comunhão, valorizamos a democracia, valorizamos a sustentabilidade econômica, social e ambiental de todos os projetos associados ao esporte.

Vai, Corinthians! Seja o que você é! Não pare, você também, de lutar!"

15 janeiro 2012

Revolução corinthiana já!


Se você está com saudades antecipadas da gestão de Andrés Sanchez que se encerra no próximo mês, pare de ler este texto imediatamente. Ele é longo e indigesto aos fúteis ou descompromissados. O que vem abaixo é um manifesto pessoal, à disposição de quem queira contribuir ou me atacar, de acordo com suas preocupações e prioridades. No mais, minha intenção é aproveitar o ambiente político em ebulição no Corinthians para ser, de novo, aquele chato que reclama de tudo. Se minha chatice é defender nossa instituição, então assumo o papel que me foi concedido.

Já tratei por aqui o que chamamos de espelhinhos de convencimento, que consiste na propaganda supervalorizada daquilo que é básico. Figuram com destaque nesse rol a construção do CT, o estádio e o aumento de faturamento, realizações que deveriam ser vistas como mera obrigação para qualquer administração que assumisse um clube tão gigantesco e com tanto potencial como o Corinthians. Peguemos o caso das receitas para ilustrar rapidamente a inoperância. Numa relação tosca entre faturamento de 2010 (R$212 milhões segundo o balanço) e o número de torcedores, temos aí uma captação de R$7 anuais de cada corinthiano, indício de desperdício de oportunidade incrível. Anexando esse quociente aos preços praticados na venda de ingressos e de produtos como camisas oficiais - todos eles excludentes -, fica nítido que a estratégia segue na contramão de nossa história.

Do estímulo propagandista para escamotear cagadas, surta uma alienação que se espalha como vírus por toda a Fiel Torcida e detona com as ideologias que, para o bem ou para o mal, serviam a nosso procedimento. Os instrumentos variam de acordo com o momento, de jogadas de marketing a palavrórios de dirigentes. No começo deste 2012, por exemplo, pipocou pela internet uma entrevista lamentável com o presidente que se diz licenciado arrotando mais abobrinhas que o usual e enchendo o prato da imprensa abutre. Curiosamente, alguns recados e provas desse modus operandi ficaram bem claros nas entrelinhas e também nas linhas. Abaixo, excertos da coisa, com os devidos comentários deste que vos escreve:

"Hoje, temos gerentes remunerados e eu queria pôr superintendente, um CEO, que agora tá na moda, aqui no meu lugar (...) Aqui sempre teve diretor amador, apaixonado." - se virar moda tomar no cu...

"É inexplicável o Corinthians começar como começou e se tornar o que se tornou. Não tinha uma bandeira." - para todo corinthiano, não é inexplicável. A explicação é tão sólida que, cem anos depois, tem um descendente de japoneses levando a idéia adiante.

"Eu não sou doutor e tive uma rejeição grande dentro do clube, isso por não ter curso universitário, não falar bonito." - menção indireta, maldosa e desnecessária ao Sócrates, que será repetida logo à frente. Fora isso, vale lembrar de Vicente Matheus, tido como analfabeto, mas cuja aceitação pública era gigantesca. Talvez pela autenticidade.

"O futebol, você tem que entender (...), é a melhor forma de se falar com a população." - aqui, a chave da gestão Sanchez, que realmente falou com toda sua torcida, mas de modo a extinguir os valores do corinthianismo.

"Olha aqui: eu sou presidente do Corinthians. Tenho qualquer informação. Onde você trabalha tem um corintiano e, dependendo do que você falar, ele me fala. Liga aqui e me conta. É inacreditável." - ou seja, ele sabe o que será publicado de mentiroso contra o Corinthians e, mesmo assim, não prepara a defesa do clube.

"Hoje, no Pacaembu, vira e mexe eu assisto jogo da arquibancada." - essa é uma das mentiras que, repetida à exaustão para aquele torcedor que não vai ao Pacaembu com freqüência, acaba virando verdade. Nunca vi Andrés Sanchez pelas arquibancadas desde que ele começou a ser figura pública.

"O maior faturamento do Corinthians é bilheteria e patrocínio. A partir do ano que vem, vai ser da televisão. Ela [a televisão] tá pagando! Ela não quer saber quem vai ao estádio, quer saber quem liga a televisão!" - nefasto, o presidente força o clube a abrir mão de sua autonomia e se torna refém de uma emissora vil, cuja ideologia é totalmente contrária aos interesses do torcedor e do povo brasileiro.

"eu cobro US$ 300 dólares e eles, US$ 1.000. Por quê? Porque eles têm estádio decente. O dia que eu tiver um estádio decente, os preços são outros!"- aqui, uma dica de quais serão os preços no estádio em Itaquera, reforçando o processo de elitização do futebol e, mais grave, do torcedor corinthiano presente aos jogos.

"como o Sócrates escreveu que ele sabia que eu não tinha me formado nas melhores escolas da Europa, mas, pelo menos, tinha estudado em escola pública no Brasil." - novamente, ele demonstra seu incômodo com a figura do Doutor, um dos principais críticos do parasitismo que infesta a política interna do Corinthians.

"O Corinthians vai fazer uma arena de show aqui (mostra o campo de futebol do Parque São Jorge). Vai tirar essa merda toda e construir uma arena pra 25 mil pessoas." - alguém que chama o Monumental Alfredo Schürig - fruto do suor de centenas de guerreiros corinthianos - de "essa merda", só pode estar demonstrando seu desdém pela nossa centenária história.

"Não tem cabimento ter meia-entrada em futebol e não ter meia-janta! Meio-almoço! O que é mais importante: um jogo de futebol ou comer?" - um corinthiano jamais diria isso. O corinthiano deixa de comer pra ver o Corinthians.

"Você acha que é fácil fazer isso com a Odebrecht? Mas eu tenho costa quente (risos)." - o pedantismo é característica marcante de aficionados pelo poder.

A matéria não pára aí. Vem com um apêndice e troca gato por lebre,
exaltando as qualidades democráticas e participativas da eleição da rainha da Inglaterra conhecida como RPC. Timing perfeito, como toda manipulação de Sanchez, já que o troço aconteceu dois meses antes da votação de verdade. É claro, é notório, é explícito que essa porcaria não vai resultar em nada para o corinthianos, mas deu às representações ilegítimas que atuam no Corinthians um cenário de águas calmas para a prática dos crimes mais cruéis possíveis.

E o crime veio, com a nova regulamentação que limita o voto do associado à escolha de apenas um grupo de 200 velhacos para representar os anseios de milhões no Conselho Deliberativo. O inaceitável retrocesso foi defendido por situacionistas e oposicionistas, cada um a seu tempo, mas ambos aspirando manter as coisas como estão. O helulismo, meus caros, é ainda muito presente por aquelas bandas, mesmo que seu fundador tenha ido para o merecido inferno ano passado. Para tanto, vale espiar os membros do Conselho Vitalício, esse câncer a ser extirpado, e notar quantos helus, dualibs e curis ainda figuram no órgão, ao lado de outros não menos infames como o ex-governador Fleury, o ex-promotorzinho aparecido Fernando Capez, Miriam Athiê e Romeu Tuma Jr., além dos conhecidos Citadini, Rubens Approbato e Waldemar Pires.

Cartas à mesa, basta somar dois e dois e apreciar o esquema da perpetuação do lixo nas salas ar-condicionadas do Parque São Jorge: o dito "torcedor comum" é iludido com palhaçadinhas marketeiras, o tráfico de influência junto às lideranças de organizadas é fortalecido e a participação do povo no Time do Povo escorre pelas mãos como areia. Paralelamente, os inocentes e os não tão inocentes úteis trabalham a todo vapor para defender sua boca na teta, tentando convencer quem não vota (por falta de po$$ibilidades ou por ainda estar na quarentena do Estatuto) que suas intenções são as melhores possíveis.

Neste período eleitoral, o corinthiano de arquibancada que não tem os 800 reais do título de sócio porque precisa pagar ingresso, será abordado pelas duas facções majoritárias e ouvirá maravilhosas promessas. Os pleiteantes precisam ganhar visibilidade e apoio externo para se salvaguardar e falar, indevidamente, em nome da maioria. De um lado, os de Sanchez irão investir no discurso de manutenção do planejamento, da estrutura, da organização e da modernização como etapas para obtenção de uma participação cada vez mais ampla. Já os opositores posarão de arautos da moralidade, pregando austeridade e tolerância zero com as falcatruas que eles próprios instituíram lá dentro.

Sendo assim, no próximo dia 11 de fevereiro, é dever daqueles que lutam pelo resgate do corinthianismo ir até a porta do clube para manifestar seu desejo de ampla abertura política no Corinthians. A Revolução Corinthiana urge! Pelo fim do Conselho Vitalício! Pelo voto do Fiel Torcedor! Pelo fim das cláusulas de barreira para votantes e candidaturas!

O CORINTHIANS É NOSSO!

ACORDA, FIEL!

20 dezembro 2011

Corinthiarte - volume III


Mais uma vez voltamos aqui para divulgar o maravilhoso trabalho dos irmãos de arquibancada Filipe Gonçalves (do AnarCorinthians) e Fernando Wanner que, ao lado de Luiz Wanner (pai de Fernando), vêm preenchendo as lacunas de corinthianismo decorrentes dessa modernidade nociva do futebol. Retomo, novamente, o que escrevi em janeiro, data de lançamento do primeiro fascículo da série Corinthiarte:

"O Corinthians é a utopia concretizada do povo. Fruto de uma conjunção de fatores racionalmente improvável, nosso Todo-Poderoso se tornou gigante e Centenário enfrentando provações diárias. Sua gente não podia ser diferente e agrega esses valores ao cotidiano como nenhum outro torcedor. Puxa daqui, arranca de lá, e o corinthiano resiste, contra tudo e contra todos, alimentando sua alma com o mesmo sonho que tiveram os ancestrais reunidos na famosa esquina do Bom Retiro, formada pelas ruas José Paulino e Cônego Martins.

Sonharam também Filipe Gonçalves, Fernando Wanner e Luiz Wanner, devaneio que acompanhei de perto, mais precisamente da arquibancada. Um sonho de comprometimento, de crença numa força inexplicável que brota da lendária biquinha, de legítimos filhos de São Jorge. Belíssimo como uma jogada de Luizinho, um lance magistral de Cláudio, um passe de calcanhar do Doutor, uma falta de Neto, uma redenção de Basílio, uma defesa de Ronaldo, um carrinho de Idário. E, acima de tudo, corinthianíssimo como cada batida do coração de Neco."

Como nas outras vezes, tive a grata oportunidade de ler o texto em primeira mão e adianto que esse terceiro volume está especialmente emocionante. Para marcar a chegada da terceira parte da saga - que leva o título "É com o pé. É com a mão. É Campeão" -, o Ginásio do Parque São Jorge estará aberto na próxima quinta-feira para receber toda a Família Corinthiana, o que torna o troço ainda mais imperdível. Encerre este ano de 2011 renovando as energias na Cidade Corinthians e prestigiando o feito dos três Mosqueteiros que, com muito afinco, estão fazendo importante resgate de nossa Centária história.

VIVA O CORINTHIANS!

Lançamento: "É com o pé. É com a mão. É Campeão"
Local: Ginásio do Parque São Jorge
Data: 22/12/2011 - às 19h
Preço: R$10


08 dezembro 2011

Brasileiro e corinthiano


Com os sentimentos um pouco mais controlados, acho que me sinto preparado para tecer algumas palavras sobre o gigantesco herói que nos deixou no último domingo, justamente num dia de alegria para o Corinthians pelo seu quinto Campeonato Brasileiro. Ouvi a notícia da morte de Sócrates Brasileiro e Corinthiano lá pela hora do almoço, quando me preparava para ir ao Pacaembu. Um baque, uma faca no peito e uma sensação de vazio no estômago que não era fome, mas algo muito parecido com aquilo que me deu no dia em que minha saudosa tia Terezinha se foi.

Aliás, foram inúmeros os testemunhos nessa toada: os corinthianos perderam um ente próximo. A tristeza que me acompanhou até o Templo Sagrado pairava pela cidade e pelo país, e se intensificou ainda mais depois da catraca. À beira do alambrado, no encontro com os irmãos Filipe, Rubio, Salgado e Victor - todos eles seguidores ortodoxos dos paradigmas socráticos -, foi difícil segurar as lágrimas. Lá em cima no nosso lote, ao lado do Janeiro, Luizão, Raphael e muitos outros parceiros, o pranto foi inevitável.

Os braços erguidos e os punhos cerrados que homenagearam Sócrates antes do apito inicial representavam a esperança, o amor e o compromisso com a luta encampada pelo Doutor no início dos anos 80, retomando, inclusive, os ideais corinthianistas de 1910 de participação política intensa do povo dentro do seu time. Serão essas as recordações marcantes do ambíguo 4 de dezembro de 2011; é nisso que devemos nos apegar toda vez que formarmos nossas opiniões sobre tudo que envolve o Corinthians.

O legado de Sócrates é imensurável e, até certo ponto, incontestável. É crime hediondo ignorar cada vírgula por ele eternizada, mesmo aquelas com as quais a gente possa não concordar de imediato. Ele não queria ser o bom-moço casadoiro, mas sim fazer de cada corinthiano um contestador, baseando-se em nossa impetuosidade e nossa irmandade características. O pensador dos gramados forjava pensadores nas arquibancadas e nas ruas, incitava o raciocínio além das meia-verdades e combatia a imbecilidade, ainda que cercado de imbecis aproveitadores.

Isso posto, a tristeza de ver partir esse gênio da bola e da cachola não se dá pelo simples fato da morte, pois ela é inevitável. Dói demais não poder contar com novas provocações que colocavam a opinião média contra a parede, algo tão necessário ao corinthianismo claudicante dos dias atuais. Dói porque há canalhas que riem dessa desgraça. Dói porque sua história, assim como todos que vestiram a camisa do Corinthians um dia, será distorcida pelos babacas da mídia dominante e ele será o "alcoólatra comunista maloqueiro", mesmo não tendo sido nenhuma dessas coisas.

Sócrates foi, sim, corinthiano, brasileiro, craque, vencedor, iluminado, líder, escritor, boa-praça, verdadeiro. Escolha qualquer uma dessas - ou várias - facetas e faça a coisa certa: seja um devoto desse anjo torto, que agora foi ter com nossos antepassados brigadores e guerreiros.

OBRIGADO, DOUTOR SÓCRATES!

05 dezembro 2011

Corinthians 5x: festa, contemplação e democracia


O Templo Sagrado era o palco perfeito para tudo o que aconteceu neste 04 de dezembro, quando conquistamos nosso 5º título brasileiro. Conquistamos, na primeira do plural, porque não foram os vagabundos e o técnico de merda os grandes responsáveis pela glória corinthiana. Quem merece os parabéns e uma volta pela cidade com a taça na mão é a Fiel Torcida, que jogou como nunca neste modorrento campeonato de pontos corridos. Mas vamos por partes.

O domingo começou com uma das notícias mais tristes que poderíamos receber: faleceu Sócrates Brasileiro e Corinthiano. Um gênio a serviço de seu povo, um craque com a bola nos pés e com as idéias na cabeça. Provocador e sempre racional, foi um dos poucos jogadores na centenária história do Corinthians a entender sua torcida e criar junto dela um relacionamento de respeito e admiração, tendo como pano de fundo o amor ao Coringão. Creio eu que a passagem dele para o rol de corinthianos imortais foi também muito bem pensada - dizem alguns até prevista pelo próprio. O Doutor foi ter com o pessoal lá de cima porque queria curtir esse título tranqüilamente, tomando cerveja e fazendo a festa que sempre soube fazer.

Sua energia, porém, tomava conta do Pacaembu. A belíssima e emocionante homenagem antes da partida final, com todos os filhos de São Jorge com o punho em riste, fez a diferença em campo. Não poderiam os vagabundos deixar esse campeonato ir para a caralha; por nós e por Sócrates. E assim fizeram, jogando titescamente (o vocábulo titescamente pode ter como sinônimos escrotamente ou empatibilidade) e empurrando o coração de cada torcedor pela goela. Diante de toda a anticorinthianada atônita, porém, chega hoje no Memorial do Parque São Jorge outro troféu que coloca mais uma viga na concretização do sonho do povo iniciado em 1910. Uma viga com tendências democráticas, diga-se, pois o título socrático precisa servir de inspiração à Fiel para que retomemos os ideais participativos e includentes dentro do clube.

Depois da festa sem precedentes que tomou as ruas de todo o Brasil, com o povo sendo feliz e louvando o corinthianismo em estado puro, só resta dar os parabéns a toda a família corinthiana. Lutamos e vencemos, que é como deve ser. Agora, é encher a cabeça de cachaça e guardar na memória toda a emoção sentida.

VIVA O CORINTHIANS! PARABÉNS, FIEL TORCIDA! OBRIGADO, DOUTOR SÓCRATES!

É CAMPEÃO!

27 novembro 2011

Lições e a última batalha


Domingo que vem, o Corinthians só precisa jogar bola e esquecer os cotovelos moídos alheios. Hoje, aqueles desprivilegiados que não foram escolhidos pelo Corinthians para defender sua história e sua camisa estão alimentando frustrações para tentar nos prejudicar. Ignore, corinthiano. Você tem uma batalha sangrenta e só ela é o que nos interessa.

Aprenda, de uma vez por todas, que a gente nunca ganha nada de mão beijada. Pare com essa babaquice de ficar cantando "tá chegando a hora" quando essa hora ainda não chegou. Sabemos muito bem como é o futebol e já viramos muitos jogos justamente nos últimos segundos. Não dê espaço a políticos aproveitadores (viu, seu Antonio Goulart?) que querem aparecer às custas de nosso triunfo e exerça o LHP de maneira ortodoxa.

Domingo é dia, principalmente, de exaltar o amor ao Coringão. Não vá ao Pacaembu fazer festinha, vá defender nossas cores como se fosse o dia do Juízo Final.

Pois quem não for corinthiano...

VAI CORINTHIANS!

19 novembro 2011

Eu era um barco errante


"Bonequinha linda
Que Deus me mandou
Me faz um carinho
E diz que eu sou seu amor

Eu era um barco errante
Sem rumo a navegar
Você é a estrela brilhante
Que veio pra me guiar

Bonequinha meu xodó
Tem tem tem de mim tem dó
Me abraça e nunca me deixe só"


Sempre que chega o 19 de novembro, eu tenho cá comigo um agradecimento especial a sei lá qual força superior atua sobre nossas cabeças. É dia da minha
Evinha, de encher ela de presente, alegria e tudo o que mais for necessário para aquele sorrisão se abrir e os olhos ficarem cada vez mais cinzas.

Agradeço, então, por estar ao lado dela e tentar contribuir para que tal nível de felicidade e amor esteja sempre estratosférico, seja com regalos, com nossa cerveja ou com as idiotices que eu falo e só ela suporta. Talvez os anos se passando até ajudem o desenvolvimento dessa paciência quase oriental que ela deve ter com minhas teimosias...

E confesso: a música aí em cima é mais uma das minhas provocações, apesar de toda verdadeira para mostrar fanfarronicamente o meu imenso amor por essa preta que festeja hoje mais um aniversário. Expor minha breguice, aliás, é das grandes provas de toda minha idolatria por você.

Amo-te, Evita!


07 novembro 2011

Contaminação de mediocridade


É impossível não ficar indignado com a falta de
Corinthians no atual catado de vagabundos que agora veste nossa camisa. Não se entregam, não dão à vida como faz - hoje em menor número - a Fiel Torcida por essa imensa instituição. Mais ainda, a alienação promovida a toque de caixa pelos espelhinhos da modernidade contribui para que o outrora maior movimento social da humanidade caminhe em direção da completa mediocridade, habituando-se passivamente às regras de disputa correntes no futebol.

O que estamos presenciando nada mais é que uma repetição do mesmo disco riscado, apenas com mudanças dos fantoches. Desde que se instalou o modorrento campeonato de pontos corridos e sua conseqüente valorização do que há de pior no esporte, o Corinthians, para se adaptar à realidade, se propôs a adotar idéias que jamais seriam aceitas pelos
guerreiros ancestrais que consolidaram o sonho do Time do Povo em 1910.

Para não nos basearmos em achismos, aos fatos. Fiz um levantamento que leva em conta as apresentações do Timão nas últimas 10 rodadas dos Brasileirões desde 2005. Segue:

- 2005

  • 32ª rodada: empate em 1x1 contra o palmeiras
  • 35ª rodada: empate em 1x1 contra o vasco (terminou em 12º lugar), no Pacaembu
  • 36ª rodada: derrota por 2x1 para o cruzeiro (terminou em 8º lugar), em BH
  • 39ª rodada: derrota por 1x0 para o são caetano (terminou em 17º lugar)
  • 40ª rodada: empate em 1x1 contra o inter, no Pacaembu
  • 42ª rodada: derrota para o goiás por 3x2, campeão por conta da derrota do inter

- 2006

  • 29ª rodada: derrota por 3x0 para o flamengo (terminou em 11º lugar), no Maracanã
  • 35ª rodada: empate em 0x0 com o figueirense (terminou em 7º lugar), em Floripa
  • 36ª rodada: empate em 1x1 com o fluminense (terminou em 15º lugar), no Pacaembu
  • 37ª rodada: empate em 0x0 com o botafogo (terminou em 12º lugar), no Maracanã

** Ficamos a sete pontos do quinto colocado, o inexpressivo Paraná Clube, que levou a vaga para a Libertadores.

- 2007

  • 31ª rodada: empate em 1x1 com o inter (terminou em 11º lugar), no Pacaembu
  • 32ª rodada: derrota por 1x0 para o náutico (terminou em 15º lugar), em Recife
  • 35ª rodada: empate em 2x2 com o atlético/PR (terminou em 12º lugar), no Pacaembu
  • 36ª rodada: empate em 1x1 com o goias (terminou em 16º lugar), em Goiânia
  • 37ª rodada: derrota por 0x1 para o vasco (terminou em 10º lugar), no Pacaembu

- 2008 (série B)

  • 29ª rodada: empate em 1x1 com o marília, em Londrina
  • 30ª rodada: empate em 2x2 com o santo andré, no Pacaembu

** subiu na 32ª rodada. Empate na 7ª rodada com o bragantino em 1x1 em Bragança (depois venceu no returno por 2 a 0), derrota na 12ª rodada para o bahia por 0x1 no Pacaembu, empate na 15ª rodada com o criciúma por 0x0 no Pacaembu.

- 2009

  • 30ª rodada: derrota por 2x0 para o sport (último colocado), em Recife
  • 31ª rodada: derrota por 0x1 para o cruzeiro, no Pacaembu
  • 36ª rodada: derrota por 2x3 para o náutico (penúltimo colocado), no Pacaembu

** nessa edição, o então técnico Mano Menezes desistiu de disputar a competição na 18ª rodada, após derrota em 1x0 para o flamengo. O time carioca foi campeão da edição e, naquela rodada, ocupando a 8ª posição na tabela.

- 2010

  • 29ª rodada: derrota por 3x4 para o atlético/GO (16º colocado), no Pacaembu
  • 30ª rodada: empate em 0x0 com o guarani (18º colocado), em Campinas
  • 36ª rodada: empate em 1x1 com o vitória (17º colocado e já rebaixado), em Salvador
  • 38ª rodada: empate em 1x1 com o goiás (19º colocado, rebaixado e com time reserva), em Goiânia
Dignos de surra pública os pífios desempenhos em todos os anos supracitados, mesmo na ocasião em que levamos o título. Neste 2011, não há diferença, já que acumulamos tropeços imperdoáveis contra ceará, figueirense, cruzeiro e botafogo em pleno Pacaembu, além da última derrota para o laterna do campeonato.

Avaliando esses números, mais a postura de inomináveis charlatões que ocupam desde as salas ar-condicionadas do
Parque São Jorge até aqueles que calçam suas chuteiras coloridas e vão para o gramado fazer a torcida passar vergonha, fico cada vez mais descrente com nosso futuro e cansado da apropriação imoral do Corinthians por bandidos e/ou incompetentes. O descompromisso é imensurável e, caso a taça venha para nosso Memorial, será por pura teimosia dessa camisa que ainda tem força suficiente para combater a vagabundagem.

ACORDA, FIEL!