30 junho 2008

Diferenças essenciais


Há duas semanas, fui ao trabalho de carro e peguei a Marquês de São Vicente. Chegando na esquina da avenida com a Rua Anhangüera, me deparei com a cena mais deprimente e triste dos últimos tempos. Retrato fidedigno de uma administração que há 13 anos comanda o Estado de São Paulo e há 4 está na capital. A imagem, tosca porque feita com um celular, segue abaixo:


Caso não dê para perceber, existem aqueles arames pontiagudos sobre o muro. Esse muro cerca o Centro Educacional e Esportivo Raul Tabajara. Junto à antiga gestão municipal, a UNE fechou um convênio com a prefeitura e assumiu a administração do lugar, onde desenvolvia oficinas culturais e apresentações por meio do projeto CUCA.

Inesquecíveis foram aquelas noites de sexta-feira, animadas pela roda dos fantásticos Inimigos do Batente. Foi uma época de ouro para todos que ali se amontoavam. Uma rapaziada maneira ia para lá escutar grandes músicas, tomar sua cerveja e exaltar a cultura popular. E como não falar, por exemplo, do aniversário do site Agenda do Samba & Choro?

Voltando ao projeto, ele findou assim que José Serra assumiu a prefeitura. Cadeados foram colocados nas portas e a cultura tomou um cartão vermelho. Tudo em nome de um tal saneamento de contas públicas. É, caros. Sanear contas de governo pra esse pessoal é tirar o pouco que o povo tem. Por isso mesmo os arames. Essa gentalha trata o povo como bandido, e condena um espaço cultural e educacional. Um aperto no peito me deu ao ver o Raul Tabajara com a cara de um presídio.

Essas sutis - mas gigantescas - diferenças de postura precisam ser avaliadas nesse ano. Temos que colocar nosso dedo na urna. E para não tomar um dedo em outro lugar, é preciso saber quais são as reais intenções daqueles que estão no pleito.


26 junho 2008

A bazuca


Frase antológica, proferida por uma das novas estrelas do pornô brasileiro:

"Eu tive muita dificuldade, porque nunca fui mulher de ficar. Sou mulher de casar. Escolhi o Carlos Bazuca porque ele era o mais meigo de todos."

Bazuca! BAZUCA!!!

Onde estamos?

25 junho 2008

Os do contra


Todo mundo teve na infância aquele colega que sempre era do contra. Se todo mundo queria jogar bola, ele queria vôlei. Se todos quisessem pizza de pepperoni, ele pedia logo a de atum. Se o dia era bom pra empinar pipa, ele rezava pro vento acabar. Assim são os do contra - tipinho que até virou personagem do Maurício de Souza. Geralmente, esse povo quando cresce não muda. Ficam daquele mesmo jeitinho e, na maioria das vezes, têm opiniões um tanto quanto nocivas à coletividade.

Parentêses: algumas pessoas defendem a idéia de que se um imbecil é imbecil e a gente descobre, é melhor ficar quieto e não contestar esse imbecil, principalmente no nosso blogue. Eu discordo disso em certas ocasiões, já que o blogue é uma extensão do papo conosco mesmo, aqueles que a gente leva durante o trânsito ou quando espera na fila do banco. Além disso, serve para denunciar esses imbecis e mostrar o que eles realmente são. Mesmo que para meia dúzia de fiéis leitores.

Esse nariz-de-cera todo foi para ambientar onde se encontra mais um discípulo mainardiano. Um tal Daniel Lopes, que escreve para o site Digestivo Cultural. Em primeiro lugar, vale dizer o que é o Digestivo. Para mim, não passa de uma grande bobagem, carregada por um tal Julio Daio Borges. Um típico politécnico uspiano pedante que, do alto de sua vasta sabedoria, colhe, aqui e ali, opiniões tão ou mais descartáveis quanto a própria. Mas o papo não é sobre o Digestivo e seu criador - que cita o Mainardi! -, e sim o tal Daniel Lopes.

Cheguei a ele por meio de uma polêmica desnecessária, criada em um artigo desabonador sobre Machado de Assis. Vejam, caros, a empáfia desse moço. Ele se dá a liberdade de contestar Machado, o maioral! Porque eu aprendi que tem coisas no mundo que não se contesta, e Machado é uma delas. Usarei as palavras do próprio Lopes para descrevê-lo melhor:

"estou a folhear no corredor um livro de George Orwell, quando um rapaz mais ou menos da minha idade pára sua caminhada simplesmente para dizer que eu sou um alienado. Eu levanto os olhos e o vejo erguendo um livro de José de Alencar. "Já leu isso?", perguntou. Sou um sujeito muito tímido, não gosto de discutir nem com gente inteligente. Disse apenas que "já, é um livro muito ruim". Nem vi direito o título, mas se era José de Alencar só podia ser algo chato, e eu queria me livrar do rapaz o mais rápido possível. Ele resmungou e foi embora. Hoje penso que ele devia ser um desses membros do movimento estudantil que gastam mais tempo se movimentando do que estudando."

Entendo que o rapaz possa ser um fruto da falida geração pós-anos 80, aquela que não sabe de nada, quer ter opiniões sobre tudo e não mexe uma palha para mudar o que acha errado. A geração que foi criada em condomínios, que faz críticas profundas como uma piscina regan. Enfim, que se satisfez com a mesquinharia que lhes foram impostas por esses valores novos tão nocivos. Tudo isso não justifica, porém, querer aparecer às custas de Machado de Assis. E o que dizer, então, quando o garoto vai além e também desce o sarrafo em Pablo Neruda?

Recomendo a leitura dos textos do cara, que podem ser encontrados aqui. Às vezes, é bom mostrar para os outros o não-exemplo. Geralmente, quando o grau de idiotice atinge níveis estratosféricos. Lá, você vai poder ver no perfil do Lopes que ele tem um blogue. Escreve sobre "literatura, punk rock e atualidades" - esse último termo, aliás, entra no mesmo balaio de coisas como "estilo", "tendência" e "diferenciado". Nem me dei ao trabalho de conhecer mais o caboclo, mas levando em conta o fato de que ele deveria sempre jogar vôlei quando criança, deve ter algum texto falando mal dos Ramones na seção punk rock...

23 junho 2008

Valeu o dia

Nessa primeira segunda-feira de inverno - para que existe inverno? -, uma frase vinda da boca de um estrume de gente sobre outro estrume me fez ganhar o dia. Prova de que, às vezes, algumas coisas geniais são ditas por imbecis.

- "Caetano como cantor seria gongado, pô! Vocês fabricaram o Caetano. Caetano é uma merda! Caetano não é artista. Ele vem com esse negócio de imitar viado e os caras dizem que ele é um gênio. Que é isso?! Isso não existe." - Agnaldo Timóteo em entrevista ao "Pasquim", em novembro de 1972

Conheça outras pérolas desse naipe no
post do Ilustrada Pop, que mostra como andam cordeirinhos os artistas de hoje.

A poltrona é de ouro?


Ontem, depois de algumas décadas, fui ao cinema com a Eva. Quer dizer, tentamos. Depois de peregrinar por Espaço Unibanco e Belas Artes e não achar nada interessante no horário (perdemos "Estômago" por questão de minutos), acabamos na bilheteria do Cine Bombril.

A idéia era passar o tempo vendo "Cinturão Vermelho", que está todo cheio de graça na mídia por causa da presença de Rodrigo Santoro e Alice Braga - essa, sobrinha da mulhé. Tenho que dizer, no entanto, que não sou mais estudante e agora pago inteira. E a vontade de entrar no cinema passou justamente por isso. O tal Bombril queria me cobrar R$17!

Uma pesquisa rápida no Google mostra que essa mesma extorsão é praticada por praticamente todas as salas. Entendem, então, o meu asco por cinema? Abro poucas excessões, como ir ao IG Cine (antiga Sala Uol) ou o próprio Belas Artes. Alguns motivos: vende-se cerveja, não tem multidões e a molecada imbecil passa longe.

De qualquer modo, não é justificável um preço tão alto desse. Não adianta nem vir com aquele papo de carteirinha falsificada, já que ela só substituiu a desculpa do dólar valorizado. Como protesto, fui à loja do Disco Raro e comprei minha edição em DVD de "Meus Caros Amigos", de Mario Monicelli. Gastei R$30. Vale muito mais a pena, garanto.

21 junho 2008

O tamanho da inveja


Graças aos céus acabou essa bobagem de 100% do Corinthians. Primeiro, porque isso me dá um certa desconfiança. Segundo porque é um fator motivador não para nós, mas para os adversários. Terceiro porque é um prato cheio pra zé povinho ficar zicando, principalmente a (gigante) bancada anti-corinthiana da imprensa.

Impressiona, aliás, o tamanho dessa maior torcida do mundo. A seleção joga, o assunto é o Corinthians. A Selic aumenta, o assunto é o Lula elogiando o Herrera. O Ricardo Teixeira passa por cima do Dunga e convoca o Ronaldinho Gaúcho, e o assunto é o gordo afastado.

Por falar em gordo, o Júlio César hoje deu um cala-boca naqueles que, esquecidos das 4 falhas decisivas do comedor de acarajé contra são caetano, botafogo e sport, exaltam o pênalti da semifinal. Pois bem, aproveitadores: o moleque também cata pênalti! Chupa, gordo. Fora gordo!

No mais, jogamos com aqueles que, aparentemente, são os adversários mais difíceis. Na casa deles. Empatamos, diga-se, só porque não quisemos mais atacar - de novo, não vou culpar o roubo de um juiz que dá 8 cartões, não marca um pênalti e ainda inverte a maioria das faltas, até porque sabemos que isso vem acontecendo desde 2005 por conta de choro gaúcho, numa vingança que parece não ter fim.

Obrigação, pois, é subir o quanto antes. Sim, obrigação. E só. Festa é só em 2010, ano do Centenário. Se tivermos motivos...


20 junho 2008

BH (e o Dunga)


A capital mineira é uma grande cidade. De interior. Passamos (Eva e eu) o último fim de semana em BH, ficando na famosa Savassi. Caiu por terra o mito de que o bairro é um grande núcleo boêmio. E reforçou-se aquele que dá conta da quietude do mineiro. As coisas fecham nos finais de semana.

Mas sempre tem uma pérola, que só quem procura acha. E ela ficava a poucos metros do hotel. O lugar chama-se Sopa Carioca. A tal sopa, aliás, é um grosso caldo de carne com legumes muito cheiroso e saboroso. Porém, havia outras delícias, como os salgados gordurosos e o fantástico frango a passarinho com alho.

Próximo dali, o Parque Municipal é bem agradável, e na lagoa central do lugar pode-se dar um rolê de barco, alugado a míseros R$5 por pessoa. No domingo, a avenida do mesmo Parque abriga uma gigantesca feira, da qual só vimos o fim.

Tudo muito calmo. Tudo muito "jeitadim". E quieto, muito quieto. Esse costume paulistano de achar que o mundo gira no mesmo ritmo de nossa cidade é chocante quando nos deparamos com algo como BH. Não é, a capital mineira, um lugar inesquecível. O que não lhe tira o título de simpática.

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E BH foi palco do início do fim de Dunga como técnico da seleção. Empatou o jogo, mas perdeu o apoio dos brasileiros. A campanha global contra ele é gritante e covarde. Mexe errado? Sim. Convoca errado? Sim. A culpa é dele? Não.

A seleção, hoje, é uma bolsa de valores do mundo da bola. Dali, só saem contratos. Me admirou muito Dunga ter topado participar de uma presepada dessas. Por causa, principalmente, do seu passado. No entanto, acredito que ele já tenha começado a patinar em 98, ao se omitir na final com a escalação do Ronaldinho Gordo.

O Carlos Caetano cai depois das Olimpíadas. Mas devia ter pedido demissão hoje, quando o crápula Ricardo Teixeira escalou o outro Ronaldinho, o Gaúcho, para disputar os jogos em Pequim. Fosse esse aquele Dunga que todos nós admiramos, ele já teria voltado para os pampas.

17 junho 2008

De olho


Se o STJD punir William e Fabinho pelo artigo a que foram submetidos, estará comprovado o complô da CBF contra o Corinthians.

Já o saci que se foda. Deveria estar longe do Parque São Jorge.

16 junho 2008

Fala tu que eu tô cansado


Um jornalista, quando vai escrever sobre algo que não sabe, deve ir atrás das informações básicas sobre o assunto. Até os que trabalham em veículos considerados lixo - como sites de fofocas e celebridades - e principalmente se vai falar sobre gente da maior responsabilidade.

Pois bem. Escreveu o iG Gente que a cantora Ana Carolina – aquela que faz mil músicas iguais e adora ir para a mídia dizer que é sapatão, o que todo mundo nunca desconfiou... – deu escândalo num restaurante em SP. Coisas do estrelismo. Porém, o problema mais grave não é esse, e sim o último parágrafo da “notícia”:

“Enquanto tomava vinho e comia lanche de hambúrguer (sic), a cantora satirizou sua parceria musical com a sambista Jovelina Pérola Negra. 'Ela estava tão velha que não conseguia entrar na cabeça da música. Tivemos que repetir 30 vezes', disparou.”

Que eu saiba, a grande Jovelina e sua poderosa voz não teve o desprazer de compartilhar palco algum com a tal carolina. Até porque Jovelina morreu há dez anos, e a carolina era ninguém nessa época - e ainda a é. Talvez, a “matéria” quis fazer referência à Dona Ivone Lara.

E aí, erraram todos. O jornalista que escreveu o “texto”, a carolina, por ter feito pouco caso com uma grande personalidade da música brasileira, e Dona Ivone, que não precisa ficar se metendo com essa gentalha. Dona Ivone, e só ela, todos perdoam. No mais, a tal carolina podia figurar no timaço aí do post abaixo.

Em breve, constatações sobre Belo Horizonte, onde estive nesse último final de semana.


13 junho 2008

Um time de ilustres


Tomou conta das redações de todo o país nesta sexta a "estréia" da OGX, que atua no setor petrolífero e é do empresário Eike Batista. Sim, ele mesmo. Aquele que tomou uma pernada do bombeiro Albucacys e vivia proibindo a agora ex-mulher, Luma de Oliveira (o travesti que nasceu sem pau), de ir nos ensaios da Viradouro sem calcinha.

Trata-se da mais nova contratação do time de figurões que adoram aparecer em capas de revistas, quaisquer que sejam elas. Eles atuam em diversas posições, geralmente não se garantem pela competência e investem na imagem para se promover. São, ainda, dissimulados. Vamos à escalação:

- Roberto "bonecão de posto" Justus
- João Dória Jr.
- os herdeiros da família Diniz
- o "movimento estudantil" do PSDB
- Leonardo Senna
- Roger Chinelinho
- Luciano Huck
- Luiz Flávio D’Urso
- Seu Jorge
- os graduados deste ano da FGV
- Caetano Veloso

Sugestões vossas nos comentários serão muito bem-vindas.

12 junho 2008

Sempre Corinthians!


Tão ruim quanto a tristeza é a decepção. Mesmo que em escala muito menor de intensidade que a sofrida em 02 de dezembro de 2007, a derrota de ontem não foi triste. Foi decepcionante. No jogo em que mais precisava jogar, o Corinthians não deu um mísero chute a gol. Levaram a campo toda a baboseira daquele minúsculo time de Recife. E elevaram aquela merda ao status de time grande.

As lições à Fiel Torcida, vira e mexe, são fortes pancadas. Ontem foi mais um exemplo, mas é bom para afastar ou acordar os incautos. Aqueles que faziam festa antes da hora, que cantam “ta chegando a hora”, que ficam pedindo olé. Aqui, meus caros, não pode ter isso. AQUI É CORINTHIANS!

Quando escrevi, há duas semanas, que nossa prioridade de 2008 é - e sempre será - a volta para a série A, já previa que uma coisa dessas podia acontecer. O título calaria a boca de muitos, mas a simples chegada a uma decisão já cumpriu esse papel. Não é questão de me contentar com pouco. Porém, se levarmos em conta que desde 2005 não disputávamos nada a não ser fuga de rebaixamento, nossa participação na Copa do Brasil é de se valorizar. Mesmo para mim, um grande defensor da teoria “o vice é o primeiro dos últimos”.

Não vou ficar, ainda, chorando as pitangas por causa dos dois erros capitais do árbitro – um pênalti não marcado e um impedimento mal-assinalado. Isso não apaga o péssimo futebol apresentado pelo Timão. Agora, o que não dá mais para suportar é a presença do gordo no time. É o único que destoa do ímpeto guerreiro. E falhou em momentos cruciais por todo esse ano.

Portanto, Fiel, não esmoreça. Atente, sim, para o fato de que estamos em guerra, e ela só acaba em dezembro. No mais, FORA GORDO! E fora Saci, que nem chegou e já deve sair...



10 junho 2008

Rapidinho, no pique (exclamação)


Ando meio ocupado e deixei o blogue um pouco de lado. Fruto de algumas novas tarefas (quem procura, acha). Sem reclamações, porém.

Então, vamos às breves:

- Já repararam que quase não há mais repórteres feias na Globo? Com exceção à Miriam Leitão e uma ou outra mais velha de casa (como a múmia Ilze Scamparini), só tem aquelas menininhas modeletes, tal qual na novela. Repararam, também, que a Globo não sabe trabalhar ao vivo? Seria coincidência as beldades do jornalismo e essa incapacidade? Não que feiúra e competência sejam sinônimos, mas é fato que as ninfetas que hoje pagam de repórter são muito fraquinhas. E o que dizer de Patrícia Poeta, do Fantástico? A moça, que é casada com um big shot da Vênus Platinada, passou anos como correspondente nos EUA. Aí, há coisa de duas semanas, entrevistava um gringo. Com um inglês tão lamentável quanto o português da minha vó...

- Falando em TV, o SBT - que mais uma vez recorreu ao Chaves para atingir a liderança no Ibope - exibe novamente a novela Pantanal, da extinta Manchete. Preparem-se para muito boi, tuiuiu, onça, sucuri e (por que não?) aranha no rio.

- O que tem de time pequeno querendo se crescer em cima do Corinthians não tá brincadeira, hein? Sobre a finalíssima, só falo depois do jogo, mesmo adiantando que o pessoal lá na Ilha do Retiro não anda muito respeitoso com nosso Coringão. São Jorge tá vendo.

- Dizem que o Brasileirão, Paulistão e todos os campeonatos brasileiros são horríveis. O que dizer, então, dessa porcaria de Eurocopa? É aí que vemos do que se sustenta o velho continente. Assim como desde sempre, levam a matéria-prima dos trópicos (africanos e sul-americanos) e lucram com o seu "produto industrializado". E nós é que não somos civilizados.

- Gostei violentamente do meu novo baralho.


03 junho 2008

Sabem tudo, os ianques...


Traduzindo um texto da Guitar Player norte-americana sobre Yamandú Costa, me deparo com as seguintes afirmações:

"Costa's musical heroes include Django Reinhardt, Cuba's Baden Powell, and Argentine tango icon Astor Piazolla, as well as Antonio Carlos Jobim and Lucio Yanel, both Argentines who made their careers in Brazil."

Sim, caros. Baden Powell (da cidade de Varre-Sai, RJ) e o maestro Tom Jobim (carioquíssimo da Tijuca) nasceram, respectivamente, em Cuba e Argentina.

Honestamente, é caso para rompimento diplomático. E eu achava que a nossa imprensa era ruim...


02 junho 2008

Sem choro nem vela


A rápida ascensão do Corinthians nesse 2008 torna necessárias algumas observações. Primeiro, como dissemos aqui e em outros blogs alvinegros, aos rivais era torcer contra. Mas torcer contra mesmo, para não nos deixar crescer. Porque quando a gente ressurge, parece haver uma aura (saravá, São Jorge) que nos protege e nos faz cada vez maiores. Se fizemos um Paulista claudicante, o que dizer dessa fulminante campanha na Copa do Brasil?

Dita especializada, a mídia esportiva nos desdenhou até o último segundo. Até o último pênalti. Primeiro, falavam que contra o Goiás seria impossível a virada. Havíamos encontrado um "time de verdade" pela frente. Deu no que deu. Passamos ainda pela mentira azul do ABC, que a mesma imprensa parece ter desistido de badalar. E enfrentamos os reis do choro. Os olhos dos abutres brilharam - como brilharam quando o Pé-murcho caiu escada abaixo no último sábado - e elegeram o simpático, porém médio e já folclórico, time de Caio Martins como o "time de verdade" da vez. O que houve todos viram na última quarta.

Chegada a final, é hora de cautela e análise de comportamento. Principalmente em caso de vitória. Aquele ritmo de festa (ma oe!) do começo do ano pode se intensificar e tomar conta do time na Série B, a verdadeira prioridade deste ano. Um pouco disso já pôde ser comprovado no último confronto, contra o Fortaleza. Olés, "tá chegando a hora" fora de hora, esses equívocos que um corinthiano mais atento nunca deveria cometer. Bem disse Mano Menezes: estamos 100%, mas não somos 100%. Estaria, então, a torcida pronta para assimilar uma derrota?

Vale lembrar, novamente, dos abutres. Eles estão doidinhos, esperando o primeiro tropeço. Tentarão incendiar crises, queimar jogadores, chamar-nos novamente de bandidos. É preciso ser muito cauteloso com tudo aquilo que lermos e virmos por aí. Atentem: é a bancada anticorinthiana, a maior torcida do mundo. Um exemplo dela? Sportv, programa Tá na Área da quinta-feira, dia 29 de maio. No dia seguinte da classificação corinthiana, o programa só tratou da tristeza botafoguense. Isso sem contar o vídeo que mostra os jogadores do Timão comemorando a vitória e cantando o chororô nos vestiários. É uma comemoração de direito, mas fizeram parecer que era provocação.
Por mim, pau no cu desses perdedores!

Falando em chororô, não posso deixar passar superproteção ao time da estrela solitária no quebra-pau do último domingo, nos Aflitos. Pela primeira vez, tenho que defender a PM. Imagine que você está em sua casa e entra um imbecil descontrolado, chuta a garrafa de cerveja na sua cara, te xinga e manda dedo pra você - acredito ainda que ele deva ter desfiado todo seu preconceito contra os nordestinos, já que se trata de um ariano puro... Tem mais é que apanhar mesmo. E apanhou pouco.

Reitero minha maior preocupação: a volta à Série A. Não há nenhuma dignidade em disputar esse campeonato de merda que é a 2ª divisão. Muito menos há festa, como ressalta sempre o Filipe. O tri na Copa do Brasil será muito comemorado se vier, mas é para mostrar que com o Corinthians não se brinca e, principalmente, não se pisa nessa história.

29 maio 2008

3


Há 3 anos, eu disse o mais importante sim. Para a pergunta mais fácil que havia para responder. Desde então, só me faz ser feliz esse sim.

São 3 anos que valem uma vida. E que venham milhares pela frente! Amo tu, Evita!

"A
eva e eu
eu e ela
eva e eu
gosto pela terra
onde jorra
o esperma, a estrela, a primeira, o primeiro amor
quando o céu mudou de cor

eva e eu
nosso excesso,
sexo, ex-céu
nosso fim começo
eu e ela
uma célula, pérola, pétala sob o sol
quando a tarde escureceu

eva e eu
a costela dela
sou eu
minha mãe matéria
me leva
onde a terra tem cheiro, onde chove, onde a chuva cai
para onde o tempo vai

onde a carne tem gosto e o rosto enrugará
onde canta o sabiá"


26 maio 2008

O poder público e as manifestações populares


No domingo ontem, aconteceu a 12ª edição da Parada do Orgulho GLBT, em São Paulo. A maior do mundo no gênero. E ainda vítima de muita perseguição, principalmente do poder público. Por causa da grande visibilidade e do mar de gente que toma conta das Avenidas Paulista e Consolação em todos os Corpus Christi, alguns espertos tentam desvirtuar o movimento ao tachar a Parada como um carnaval, uma festa sem nenhum engajamento político e/ou social.

De fato, há muita gente ali que não tem uma ideologia, que não está nem aí para a hora do Brasil. Até mesmo gays, lésbicas, bissexuais, travestis e o que mais possam inventar de denominações. Isso, no entanto, não esvazia de maneira alguma o fato de que milhões de pessoas aceitam, nem que seja por um dia, duas pessoas do mesmo sexo se beijando. Já disse aqui milhares de vezes e repito: orientação sexual não é parâmetro de caráter - assim como não o é cor de pele ou posição social. Fora isso, nada mais importante tirar do armário uma discussão que, até pouco tempo atrás, não podia sequer ser apresentada no almoço de domingo.

Voltemos ao evento em si. Houve, assim como nas últimas duas edições, uma correria por parte da organização para acabar com a manifestação antes das 19h. Acordos feito com a Prefeitura, que impõe essa condição para permitir a Parada na Paulista. Quem se lembra dos áureos tempos, porém, sente muita saudade dos shows na Praça da República durante a noite e a esticada pelos bares e boates dos arredores. Triste foi o segurança que teve a perna amputada após um atropelamento. Mais triste ainda é ver que a PM, ao mesmo tempo em que colabora para que exista alguma confusão por causa do excesso de pessoas (chegaram a jogar bombas de gás na Consolação, para dispersar as últimas pessoas que saíam da Paulista), faz vistas grossas aos furtos que acontecem a rodo.

Dito isso, a Parada ainda nos reserva emoções. Ver pessoas que conseguem, ao menos por um dia, extravasar todas as suas pulsões é tocante. Imagine a sensação de liberdade de alguém que se reprime durante 364 dias do anos perante a sociedade e a própria família? Há, ainda, demonstrações profundas de amor, como um casal de rapazes que caminhavam com um bebê. Pessoalmente, foi na Parada em que fui tomado por um amor incontido e incontrolável, que perdura até hoje até mais forte, quando me pediu - e assim vem se repetindo desde 2005 - em namoro a Evinha.

Precisamos mudar muitas coisas. Ainda não existem leis que garantam os direitos dos homossexuais. Ao mesmo tempo, vemos gente por aí, arrotando aos borbotões, que as cotas nas universidades ferem o direito constitucional de igualdade. Que igualdade, cara-pálida? Isso, inclusive, deve ser iniciativa dos próprios partidos. Poucos deles se manifestam abertamente sobre o tema, inclusive o meu. E quando se manifestam, fazem isso timidamente. Representantes públicos de todas as esferas devem colocar o tema em pauta. Empresas devem perder o medo de vincular sua imagem aos gays (são quase R$200 milhões movimentados em SP com a Parada).

Finalizando, a cornetagem básica: por que raios marcaram, para o mesmo dia, Parada GLBT na Paulista, palmeiras x portuguesa no Pacaembu e são Paulo x coritiba no Morumbi? Só para ver se dava merda? Salve a eficiência dos detratores do povo.


21 maio 2008

Forças para mais uma virada


Da derrota de ontem para o botafogo, o time do Corinthians deve tirar duas lições. A primeira é que se deve matar o jogo quando há oportunidade para isso. A segunda é que, toda vez que joga como cuzão, o time se fode. Foi assim no Paulista e foi assim no Rio.

Também deve aprender Mano Menezes, cujas teimosias já nos custaram alguns problemas. Problemas como 3 zagueiros - ao invés de 3 volantes, o que era óbvio, mas sem o Bóvio -, problemas como Fabio Ferreira. Esse sujeito, diga-se, era para ter ido embora há tempos, mas o treinador "apostou" no zagueiro. Apostou, mas quem perdeu foi o corinthiano. Ainda sobre os 3 zagueiros, está mais do que provado que isso é uma burrice tremenda.

Temos forças para reverter a situação aqui. Apesar da roubalheira - o pênalti, se fosse na área adversária, não seria marcado - e da chuva de cartões que nos tirou André Santos, teremos a da Fiel Torcida. Coisa que os (ridículos) 20 mil botafoguenses não souberam fazer em sua casa.

Vai, Corinthians!

20 maio 2008

A terra do sushi


Que fique claro: de bom, o Japão só tem a comida e os meus avós. O resto é tudo uma grande bobagem. É um povo retrógrado, patriarcal, preconceituoso e pedante. Por causa deles, meu pau é pequeno.

Nessas malditas comemorações do centenário da imigração japonesa, o povo do olho puxado está querendo chamar atenção. Aí li no blog do Tutty Vasquez que a eleita Miss Centenário, uma tal de Karina Nakahara, protestou veementemente contra a Playboy, dizendo que quer sair na capa da revista. E questionou: "Quantas japonesas você vê na publicação?"

Cata a falta de autoridade da moça para requerer tal destaque:



Ô shirôca, se liga! Você não tem bunda, coxa e teta. E essa cara de amassado de panela? A única coisa positiva de você sair na Playboy seria a de comprovar se está certa ou não a lenda da buceta de lado das orientais. Eita povinho ridículo...


19 maio 2008

O novo führer


Há quase quatro anos, os paulistanos elegeram um candidato que, mesmo após ter assinado e registrado que não iria largar o cargo, deixou a administração paulistana e largou por lá um tal kassab. Desde que assumiu, o então desconhecido político decretou um toque de recolher na cidade, proibindo bares de manter as portas abertas depois da 1 da manhã, tentou proibir os feirantes de gritar, acabou com outdoors e eliminou charmosas fachadas em nome da "cidade limpa" e chamou até um cidadão de vagabundo.
Há 70 anos, um político alemão ficou marcado pela sua tentativa obsessiva de limpeza étnica e higienização da Europa. Qualquer semelhança...

Eis que a última do führer paulistano diz respeito à cerveja nossa de cada dia. Na semana passada, ele vetou a comercialização e consumo de bebidas alcoólicas nos arredores dos estádios, no período de duas horas antes e uma hora depois dos jogos. Outra medida disfarçada pela contenção da violência, mas que todos nós sabemos a quem interessa. Trata-se, meus caros, de mais um largo passo a caminho de 2014, quando teremos o ápice da europeização e elitização do popular e brasileiro futebol. Mais exemplos? Os corinthianos pagaram R$20 por uma arquibancada na segunda divisão. Já a porcada teve que desembolsar R$40 no último jogo. Fora isso tem camarotes, proliferação de cadeiras numeradas, ostensivo combate às organizadas, fim das barracas de pernil e uma diversidade de ações.

Candidatos ao posto de genocída também se manifestam. O promotorzinho de merda promove nesta terça uma audiência pública para o seu PL que "disciplina a entrada e saída das torcidas organizadas nos estádios de futebol. (...) As torcidas organizadas ficarão nas arquibancadas localizadas atrás dos gols, ou seja, em áreas opostas; a entrada e a saída dessas torcidas não poderá coincidir com as do público em geral e com a torcida do time adversário; o espaço reservado às torcidas organizadas não poderá ser superior a 20% da capacidade total do estádio. (...) o que se busca com o projeto é resgatar o espírito familiar que existia no passado, quando pais e filhos iam juntos aos estádios como forma de lazer nas tardes de domingos".

Hitler, apesar de imbecil e louco, era ao menos inteligente. Aqui na terra da garoa, nossos führers pegaram somente a parte do imbecil e louco.


15 maio 2008

O portão


"Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!"


A Evinha me mandou largar o Fifa Soccer um pouco, tirando um coco por causa do post que eu falei sobre os maus hábitos da molecada de hoje. Mas o fato é que aqui já não há mais como bater uma bola na rua. Primeiro porque o povo todo envelheceu (dos cinco que batiam cartão aqui, três se foram para o interior, dois estão casados e um destes tem dois filhos) e eu praticamente fiquei aqui só, com a Véia. A lendária Véia, aliás, merece uma homenagem por aqui, que virá mais tarde...

O problema é que a tecnologia fudeu com a tabaca da nega. Os malditos portões eletrônicos infestaram a Heitor, ocupando inclusive nosso gol oficial. Ele ficava na casa do Guinho, meu primo que hoje mora em Londrina. Ele tinha o formato certinho de uma trave (o portão do Guinho, não ele), além de uma peculiaridade: era o único ângulo arredondado da história do futebol.

As pelejas aqui da rua eram bastante disputadas. Vira e mexe tinha um arranca-rabo. Havia ainda uma espécie de assembléia para discutir regulamentos. Como éramos, na maioria das vezes, em cinco, um caboclo ficava no gol, enquanto duas duplas formavam a linha. O jogo "ia a 3" e quem perdesse escolhia alguém para ir para o gol. Além das regras básicas, tínhamos outras específicas:

a) Não se pode fazer gol dentro da área (a calçada era a área), a não ser se de cabeça ou - pasmem! - de bicicleta (!!!);
b) O jogador que pegar o rebote do chute do adversário deverá, obrigatoriamente, passar a bola para o companheiro de equipe antes de finalizar;
c) Quem chutar a bola no telhado ou em casa alheios fica responsável por recuperá-la;
d) Caso a bola fure, a Véia é quem vai ao mercado comprar outra nova;

Havia, ainda, variações de campeonatos, dependendo do número de jogadores que apareciam. Quando faltava um, disputávamos o famosíssimo "Interclubes", que nada mais era do que o goleiro linha. Reduzia-se o gol oficial pela metade e utilizava-se o portão da casa da frente para termos, assim, duas metas. Havendo apenas três jogadores, jogava-se o não menos conhecido "Melê", ou "Três-dentro-três-fora".

Belas lembranças de um tempo não tão remoto, hoje desfiguradas fisicamente como o portão do Guinho. Há uma imensa grade que se abre ao acaso. Os ângulos arredondados também se foram. Assim como se foram meus amigos e toda a significância que qualquer portão possa ter. Será que todos eles voltarão um dia?