14 março 2009

Isso não é jornalismo


O Barneschi me liga há poucos minutos, indignado. "Porra, Japonês, você tá vendo o SPTV? Aquele mongolóide do filho do Mano Menezes tá fazendo as chamadas do Globo Esporte. Vão mostrar uma matéria sobre a falta de busão e metrô na saída dos jogos de quarta à noite. Vai lá ver".

Conforme prometido, o jornaleco esportivo da vênus platinada solta a matéria logo no início. Entrevista um bando de alienado que se presta a ser manipulado só para aparecer na TV. A premissa da "reportagem" é mostrar que o sistema de transporte é precário para quem vai e volta do estádio, principalmente nas quartas. Só que isso é má-intenção, isso não é jornalismo. Fere qualquer dogma ético da profissão por usar um fato de maneira mentirosa e distorcida. O que o Globo Esporte e o senhor Tiago Leiffert fizeram foi manipular a realidade para tirar a culpa total e exclusiva da Globo nessa questão. A precariedade do transporte público de São Paulo nada tem a ver com os problemas que o torcedor encontra para voltar para casa. A origem de tudo está nas necessidades mercadológicas dos Marinho.

Para comprovar, basta consultar a tabela no site da Federação e ver que os horários esdrúxulos são exigência da Globo. Na planilha, há um campo exclusivo para designar o tipo de transmissão da partida (se em TV aberta, Sportv ou PPV), tamanha é a subserviência. Maior absurdo que esse só o veto do general, ops, prefeito paulistano ao projeto que proibia o ínicio das partidas após as 20h30. Era ano de eleição e ele não iria se indispor com seu maior cabo eleitoral...

Essas constatações só reforçam o papel de câncer no futebol (e também no país) exercido pela emissora carioca. E isso só acontece porque há os "torcedores comuns", que legitimam tais iniciativas criando demandas de mercado. Demandas estas que, por sua vez, nos fazem conviver com um Estatuto do Torcedor ridículo que não leva em conta aqueles que o documento procura defender. O ministro Orlando Silva, grande figura e companheiro de partido, de várias cervejas e de samba em tempos atrás, pisou no tomate dessa vez.

Termino dizendo que me dá cada vez mais desgosto os colegas de profissão se esquecendo do papel primordial do jornalismo. Vendem-se à ideologia de uma empresa vil e defendem interesses que não irão ajudá-los nem sob o ponto de vista financeiro, muito menos trará auxílio à população. Enquanto não for criado um órgão fiscalizador da categoria, imbecilidades como essa continuarão acontecendo.

4 comentários:

Bruno Ferraz (sOUL) disse...

é cara, se não vai transmitir a porra do jogo porque não coloca as 20:30 né?
è sempre assim, quem esta no "poder" decidi e o povo se fode.

Mó patifaria mano.

Abração Claudião.

Filipe disse...

Tudo, menos jornalismo.

Ou o povo é burro (deve ser...), ou o diabo roubou a vergonha dessa gentalha...

Rodrigo Barneschi disse...

Queria que algum instituto de pesquisa fosse atrás de pessoas que viram a 'reportagem' em questão para detectar se a mensagem desses malditos foi efetivamente transmitida. Porque é tamanho o poder dessa gente que eu não duvido nada que o povo tenha realmente comprado a verdade da emissora câncer.

Mais do que um absurdo sem tamanho, é de uma canalhice extrema, pois eles estão repassando o ônus de um crime que eles cometem ano após ano sem punição. Seria o caso de ficarem quietos, como têm ficado ano após ano. Mas o fato de levantarem o tema denota todo o mau-caratismo desses filhos da puta.

Porra, e alguém colocou lá nos comentários do meu blog um vídeo com o direito de resposta do Brizola no JN em 1994. Sensacional! Você já deve ter visto, mas nunca é demais...

Craudio disse...

Esse vídeo é fantástico. Tem um outro do Edu, lá do Rio, em que ele entra ao vivo naquele festival de música que a globo fez.

http://www.youtube.com/watch?v=uRadXwe5lDU

Diz que deu mó rolo, queriam bater nele e tudo. Aí no dia seguinte liga o próprio Leonel, agradecendo e comovido com o ato.

E, claro, tem uma grande maioria de babaca que ainda compra essas bostas - são os mesmos que assistem ao BBB e que motivam os jogos começarem tão tarde. De qualquer maneira, há um bom número de gente que já enxerga esse papel nocivo da emissora câncer. Acho que é hora da gente, inclusive, tomar ações mais ofensivas a partir da arquibancada.