15 maio 2009

Hora da Patrulha


A notícia de que a melhor escola estadual de São Paulo ocupa a 2.596ª posição no ranking brasileiro precisa ser rememorada. Assim como outros indicadores negativos relacionados à tucanagem, é óbvio que ela não foi devidamente explorada pela mídia. Apesar de saber que a avaliação possa apresentar distorções por utilizar os mesmos parâmetros em realidades distintas, não dá para ignorar que o Estado mais rico do país não se esforce nem ao menos para se sair bem nesses quesitos.

Esforço, vale lembrar, não é promover o famoso choque de gestão tucana, que consiste em pressionar os professores e arroxar salários a fim de "tornar a máquina pública eficiente". Muito menos assediar esses profissionais via imprensa, como fez o governador José Serra ao atribuir a eles a culpa pela má qualidade do ensino. Os bons resultados aparecem somente com a valorização do corpo docente, caracterizada pelo pagamento de bons salários e a formação profissional constante.

Serra mente, e mente feio. Prova disso são as entrevistas com dois especialistas no riscado. O primeiro é o diretor da escola paulista de melhor desempenho nas avaliações (de novo, a 2.596ª do Brasil), que afirma categoricamente: "O Governo só me atrapalha". O segundo é a diretora da Faculdade de Educação da USP, cujas palavras confirmam a mitomania do nosso governador. Aliás, perguntinha ao Serra: se o ensino é ruim por conta da preparação acadêmica deficitária dos professores, a administração estadual não está decretando sua própria ineficiência ao não oferecer cursos decentes nas universidades sob sua tutela?

Saindo do mundo das idéias por um momento, passemos a demonstrar a incompetência na prática. Na zona norte de São Paulo, uma escola tem reforma prevista para as férias de julho. Reforma mais do que necessária, já que pouco tempo atrás o teto de uma das salas desabou. Curioso é saber que, no começo do ano letivo, essa mesma escola recebeu várias demãos de pintura. Belíssimo exemplo de choque de gestão e uso responsável do dinheiro público.

No braço municipal do governo tucano, absurdos semelhantes acontecem. O generalzinho demo vendeu na propaganda bonita que sua gestão dava até leite de marca. Garantida a reeleição, o leite, o material escolar e o transporte gratuito para os estudantes sofreram restrições. Ao mesmo tempo, o prefeito inventou tarefas burocráticas aos professores: ao invés de estar na sala de aula ou preparando projetos pedagógicos, eles foram obrigados a exercer função adversa, preenchendo relatórios para garantir que a distribuição dos benefícios seja, de fato, racionada.

Se você não ficou sabendo de nada disso, a culpa é do Bolsa-Jornalista. Contrariando a orientação de tempos não muito distantes, as editorias de cotidiano, cidades ou o que valha não mandam mais seus repórteres às ruas (e repórter que se preza deveria ser obrigado a ir para a rua). Porque se saíssem, iriam encontrar creches, escolas e CEUs sucateados, hospitais em condições precárias, buracos no metrô, obras inacabadas, aumento nas tarifas do transporte público, buracos nas ruas e trânsito caótico. Talvez a reportagem de rua tenha ficado inviabilizada pelos pedágios no Rodoanel, vai saber...

O governo demo-tucano é caso de Procon.
Sorria, São Paulo.

3 comentários:

Filipe disse...

Pensar nisso dá nó nas tripas. O que é mais assustador é o descaso para com o futuro; essa gentalha não sabe que estão criando cobra? São alienados a tal ponto? Que puta fim de mundo.

Seo Cruz disse...

Ao menos aqui os coments equivalem ao conteúdo, rs... Cara: ainda te devo o post do Jd. Edith, que é enorme, mas já está saindo... publicaremos em conjunto, aguarde.

Craudio disse...

Boa, Seo Cruz!