17 setembro 2008
Adeus, Diaféria!
Morreu neste 17 de setembro um dos maiores cronistas que o país já teve. Aos 75 anos, muito provavelmente depois de ter visto o Corinthians em campo pela última vez, Lourenço Diaféria nos deixa. Desolados, diga-se.
É um dos últimos exemplos do Cronista com C maiúsculo. Em seu “Coração Corinthiano”, conta a história do time alvinegro a partir da cidade de São Paulo e, ao mesmo tempo, desenha como a metrópole se construía no início do século XX. Com sensibilidade e precisão implacáveis - além de uma linguagem deliciosa -, Diaféria é leitura obrigatória daqueles que amam a capital paulista e/ou o Sport Club Corinthians Paulista.
Pessoalmente, considero Diaféria como um Sérgio Porto da paulicéia. Se o criador do FEBEAPÁ dissecava e disseminava a alma do Rio, Lourenço Diaféria fazia o mesmo com São Paulo, cada qual com o regionalismo característico que a ocasião requisitava.
É provável que sua morte passe batida pela mídia, assim como aconteceu recentemente com Fausto Wolf, outro monstro da imprensa brasileira. No coração de cada corinthiano, no entanto, Diaféria estará sempre presente. Não só por ser o maior historiador do time de Parque São Jorge de que se tem notícia, mas também por ter mostrado as coisas simples, honestas e humanas de uma cidade cada vez mais fria e impessoal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
OBRIGADO, GRANDE DIAFÉRIA!
Eternamente dentro dos nossos Corações.
O mundo vai nos privando do convívio de alguns seres com os quais não mercemos conviver. Diaféria era grande mas quantos hoje dariam o devido valor às suas crônicas? Nei Lopes anda doente, e tão pouca gente no Brasil conhece sua genialidade. Paulo Vanzolini, assíduo frequentador do Cambuci, homem genial e simples, também não demorará a receber seu prêmio, a passagem para longe desse mundo-cão. Niemeyer já passa dos 100, Dorival Caymmi já se foi...
Desculpa se misturei as bolas, mas é que fui condenado a conviver com as crônicas de Juca Kfouri, ouvir composições "tribalistas", aguentar a arrogância de Anas Carolinas e, de quebra, aguentar as idéias arquitetônicas de Paulo Maluf.
Pára o mundo que eu quero descer aqui, meu amigo.
Está completamente certo, Raphael. Citou outros grandes nomes, que faziam companhia a Diaféria e espero que ainda demorem a encontrá-lo.
Hoje eu vi que o maior sucesso do momento é a chapinha para cachorro de madame. São esses os nossos tempos e cabe a nós, mesmo que infinitamente apequenados pelo status quo, combater as baixezas até o último fio de respiração. Como fez, certamente, o Diaféria.
Abraços!
Em tempo, alvinegro - e já mudando de assunto completamente: se você ainda não leu esse texto do bom André Rizek, acho que vai gostar, então deixo a dica:
http://esporte.ig.com.br/colunistas/andre_rizek/?act=lkpost&arquivohtml=/2008/37/19190510&postanch=&ext=true
Raphael, achei o texto bom, mas esse Rizek não é muito confiável. Trabalhou na Veja e serviu revista na construção das matérias em favor de Dantas. O Nassif fala sobre ele em um dos seus textos do Dossiê Veja - vale conferir por lá.
Postar um comentário