23 janeiro 2009

Duas idades, duas saudades


Neste exato momento em que escrevo, escuto a rádio Saudade FM, emissora que atua no litoral norte de São Paulo. Sintonizada por quem está entre Bertioga e São Sebastião nos 100,7, descobri essa pérola semana passada,
meio sem querer, quando fui para Guaratuba. Assim que ela bateu nos falantes do rádio do carro, tocava uma melodia típica daquilo que os modernos chamam de música brega. Não identifiquei o que era, mas deixei o negócio rolar. E aí...

Aí veio Robertão, depois José Augusto (com "Sonho por Sonho"), Reginaldo Rossi ("Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme") e outros petardos. Pronto. No meio de tanta baboseira no dial nacional, eis que me aparece uma rádio que dá de ombros para as novidades comerciais. Agorinha mesmo, estava tocando "A Última Carta", com Marcos Roberto. Antecederam "Lindo Lago do Amor", com Gonzaguinha, "Volver a los 17", com Mercedes Sosa e Milton Nascimento, e "Meu Amor Brigou Comigo", com Wanderley Cardoso (aquele cujas iniciais também caíram na boca do povo para designar o famoso local de meditação).

Todas essas músicas me fazem um bem danado e me induzem a um processo de reflexão interessante e, ao mesmo tempo, preocupante. Interessante porque as canções remetem a períodos muito felizes da vida, lá nos primórdios, da casa dos meus padrinhos, da bola na rua e das férias no interior. Preocupante porque, provavelmente, estou cada vez mais senil. Apesar de muito bom, tudo isso é o que a sociedade repressora costuma chamar de "música de velho". Se é assim, velho sou...

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Falando em velho, envelhece no próximo domingo a capital paulista. Ao completar 455 anos, a cidade vive um período em que o processo de desvalorização é latente. A falta de compromisso com suas tradições (não bobagens como Revolução de 32, por favor) e com seu povo se reflete no abandono da cultura, da educação e da infraestrutura paulistana, sob responsabilidade de um generalzinho e da corja tucana.

Para não ficar me repetindo aqui - e cansando meus parcos e valiosos leitores -, passo a palavra a Walter Taverna, responsável pelo tradicional bolo de aniversário da cidade no Bixiga. Ele explica por que não vai ter o tal bolo esse ano. E eu pergunto: a Prefeitura não deveria contribuir?

O post termina ao som do Rei, cantando "A Janela". Coincidência?


3 comentários:

evaodocaminhao disse...

Quando eu morrer, não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

Filipe disse...

Cliquei e tive a honra de ser presenteado com Luar do Sertão, cantada por Roberta Miranda...

Puta achado, mano.

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E o nuncaçabe iria dar farinha pra vagabundo?
E se ele desse ovos, era capaz de serem usados pra uma ovada nele mesmo...

Rodrigo Barneschi disse...

Porra, e eu também sou. Até Antena 1 eu ouço, japonês...
Abraços